Rio de Janeiro - O Chefe de Estado angolano, João Lourenço, vai participar, pela primeira vez, numa cúpula do G20, concretamente na 19.ª Cimeira das 20 principais economias do mundo, às quais se associam a União Europeia e a União Africana, de 18 a 19 de Novembro, no Rio de Janeiro, Brasil.
Por Adérito Ferreira, enviado especial da ANGOP
A estreia do Presidente da República corresponde a um convite do Brasil, extensivo a Portugal, Egipto, Emirados Árabes Unidos, Espanha, Nigéria, Noruega e Singapura para participarem no encontro como observadores, além da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
Na lógica do Brasil, que cessa a presidência da organização a 30 de Novembro, este selecto grupo, mesmo sem ser parte dos “mais abastados”, tem uma palavra a dizer sobre “Inclusão Social e combate à fome e à pobreza”, “Transição Energética e Desenvolvimento Sustentável” e “Reforma das Instituições de Governação Global”, eleitas como questões prioritárias.
O convite a Angola para participar na cúpula de 2024, como Estado observador, foi formulado pelo Presidente brasileiro, Lula da Silva, durante a sua visita oficial ao país, em Agosto de 2023.
O gesto surge num contexto em que as autoridades angolanas implementam um contínuo e ambicioso programa de reformas macroeconómicas acompanhadas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Mundial (BM) e outros parceiros multilaterais.
Num lastro mais alargado, durante a 79ª Assembleia Geral da ONU, em Nova Iorque, a 24 de Setembro do corrente ano, o Chefe de Estado angolano, João Lourenço afirmou que Angola defende a implementação urgente de reformas que conduzam a uma representatividade mais justa dos países africanos no seio das principais instituições financeiras internacionais.
Segundo o estadista, África quer estar cada vez mais presente não só na abordagem como também nos processos de decisão e resolução relativos aos grandes temas mundiais, com base numa actuação conjunta para a promoção da paz, do desenvolvimento sustentável e da dignidade humana para as gerações presentes e futuras.
Quanto à presidência do Brasil no G20, esta é vista por Angola como a ascensão dos países do “Sul Global” no cenário mundial e uma oportunidade para fortalecer a sua voz em questões críticas e urgentes como o desenvolvimento, alterações climáticas, dívida e a redefinição das relações internacionais.
Para o país, a actual estrutura financeira não oferece soluções face aos desafios que o Sul Global (países em desenvolvimento) enfrenta, pelo que precisa de ser redesenhada de forma a garantir a sua eficácia. Inicialmente concentrado em aspectos macroeconómicos gerais, o G20, criado em 1999, integra os oito países considerados os mais ricos e influentes do mundo (o G8), designadamente Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão, Reino Unido e Rússia.
A estes agregam-se 11 emergentes que são África do Sul, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, China, Coreia do Sul, Índia, Indonésia, México e Turquia, com o estatuto de permanentes.
Ao “elenco” junta-se a União Europeia e a União Africana, esta que passou à condição de permanente na última cimeira realizada na Índia, em Setembro de 2023, na perspectiva de enfatizar a voz de África e influenciar as decisões sobre questões-chave da agenda do G20. O G20 ou Grupo dos 20 é basicamente formado por ministros de finanças e governadores dos bancos centrais.
Entretanto, de acordo com a organização, no decurso do mandato do Brasil, foram realizadas mais de 130 reuniões nas cidades de Belém, Belo Horizonte, Brasília, Cuiabá, Fortaleza, Foz do Iguaçu, Maceió, Manaus, Natal, Recife, Rio de Janeiro, Salvador, São Luís, São Paulo e Teresina, em preparação da cúpula.
A partir de 1 de Dezembro a África do Sul assume a presidência rotativa anual do G20, cujo foco estará centrado no renascimento e reforço do multilateralismo e na reforma das instituições de governação global para as tornar mais representativas.
De acordo com o governo, o mandato representa uma oportunidade para a África do Sul colocar as prioridades de desenvolvimento do continente no topo da agenda, assim como defender as economias do país ao nível global.
À margem da 79ª Assembleia-Geral das Nações Unidas, o Presidente Cyril Ramaphosa reiterou a oportunidade e a necessidade do “apelo à acção sobre a Reforma da Governação Global” do G20.
A 18ª Cúpula do G20 foi realizada, em Nova Délhi, entre 9 e 10 de Setembro de 2023, sob o lema “Uma Terra, Uma Família, Um Futuro”.
A 1ª Cúpula do G20 aconteceu em Washington, entre 14 e 15 de Novembro de 2008, na qual foi aprovado o Plano de Acção para implementar reformas no funcionamento das instituições financeiras e intensificar a cooperação entre reguladores, promovendo a participação mais ampla das economias emergentes.
Entre uma e outra, entretanto, ocorreram as cimeiras de Londres (2009), Pittsburgh (2009), Toronto (2010), Seul (2010), Cannes (2011), Los Cabos (2012), São Petersburgo (2013), Brisbane (2014), Antalya (2015), Hangzhou (2016), Hamburgo (2017), Buenos Aires (2018), Osaka (2019), Riad (2020), Roma (2021), Bali (2022). ADR