Caracas - Quatrocentos e oitenta presos de uma cadeia venezuelana iniciaram uma greve de fome para exigir medicamentos e para que sejam julgados pelos tribunais, denunciou sexta-feira a ONG "Una Ventana a la Libertad" (UVL, Uma janela à liberdade).
Trata-se de cidadãos do Centro de Arresto e Detenções Preventivas de San Carlos, no Estado venezuelano de Zúlia (785 quilómetros a oeste de Caracas), alguns dos quais "têm até seis anos esperando o início dos julgamentos" e que "denunciam que pagam para ser transferidos para o tribunal e nunca são levados à audiência".
Na greve-de-fome participam 410 homens e 70 mulheres e começou na quinta-feira, perante a falta de resposta da Presidência da República e da Comissão Presidencial para a Revolução Judicial, a denúncias de atrasos processuais e a que duas dezenas de detidos estão com tuberculose.
Em Abril último os presos daquele cárcere protestaram pela primeira vez e uma comissão das autoridades locais "prometeu que atenderia os doentes com tuberculose e sida".
Disse também, que 136 detidos seriam transferidos para outras prisões, mas as promessas não foram cumpridas, segundo a ONG.
Entretanto, em um vídeo divulgado pelas redes sociais, um dos detidos explica que são "480 detidos, homens e mulheres, que apenas pedem para ser ouvidos".
Com vários companheiros de fundo, explica ainda que "há um grupo (de presos) que já cumpriu o tempo de condenação (previsto) aguardando pelo julgamento e que outros já cumpriram até um terço e um quarto da sua pena".
"Já passaram até seis anos e ainda não começaram a ser julgados. Há mais de um mês, prometeram criar dois tribunais de julgamento, instalaram-nos, mas ainda não começaram a trabalhar. Eles só querem dinheiro", denunciou o mesmo detido.
No vídeo, o mesmo preso, cuja identidade não é revelada, explica que "o mais perigoso que estamos a viver no cárcere, são os doentes com tuberculose: pedimos ajuda ao Governo na nacional para os doentes com tubérculos e com sida".
No passado mês de Abril a UVL denunciou que "pelos menos 123 presos faleceram em 302 centros de detenção preventiva" venezuelanas e que "a principal causa de morte foram as diversas doenças" que padeciam.
Segundo a imprensa local na Venezuela há pelo menos 110.000 presos, 65.000 deles em centros de atenção preventiva, lugares onde não deveriam permanecem mais de 48 horas.