Ancara - A Turquia, que acolhe mais de 3,6 milhões de refugiados sírios, está a preparar o regresso voluntário de um milhão ao nordeste da Síria, anunciou hoje o Presidente, Recep Tayyip Erdogan.
O chefe de Estado turco, citado pela imprensa oficial do país, enviou uma mensagem de vídeo para divulgação na cerimónia de entrega das chaves das casas de milhares de refugiados que vão regressar ao nordeste da Síria.
Desde 2016, quando começaram as operações militares turcas na Síria, cerca de 500.000 sírios regressaram a "áreas seguras" no seu país, criadas por Ancara (Turquia) ao longo da sua fronteira, referiu o Presidente Erdogan.
"As casas feitas com betão foram um passo. Agora, estamos a preparar um novo projecto que permitirá o regresso voluntário de um milhão de irmãos e irmãs sírios hospedados no nosso país", com a ajuda de organizações não-governamentais e organizações internacionais, adiantou.
"Este projecto, que vamos realizar com as autarquias de 13 regiões diferentes, principalmente Azaz, Jarablus, Al-Bab, Tal Abyad e Ras al-Ain, está bastante avançado", acrescentou Erdogan, referindo que já existem equipamentos necessários à vida quotidiana, desde "habitações a escolas e hospitais", bem como na agricultura e indústria.
A Turquia acolhe no seu território cerca de cinco milhões de refugiados, sobretudo sírios e afegãos, nos termos de um acordo assinado com a União Europeia em 2016.
Ao longo dos anos, têm surgido vários momentos de tensão, nomeadamente no verão de 2021, entre os refugiados e a população local, que enfrenta uma grave crise económica e financeira.
Embora limitados, esses incidentes fizeram surgir receios entre as organizações de ajuda de que a população refugiada possa tornar-se um problema na campanha eleitoral para as presidenciais e legislativas marcadas para junho de 2023.
Vários partidos da oposição turca pedem regularmente o regresso de refugiados à Síria.
Em meados de Abril, as autoridades proibiram os refugiados sírios de atravessar a fronteira para visitar familiares durante as celebrações do Eid-el-Fitr, que marcam o fim do mês do Ramadão para os muçulmanos.
O partido nacionalista MHP, aliado ao partido AKP (Partido da Justiça e Desenvolvimento), de Erdogan, considerou, na altura, que os sírios que viviam na Turquia, mas iam ao seu país para celebrar o Eid não deveriam ser autorizados a regressar à Turquia.