Moscovo – O Exército russo realizou um exercício militar onde simulou o disparo de mísseis com capacidade nuclear no enclave russo de Kaliningrado, entre a Polónia e a Lituânia, revelou na quarta-feira o Ministério da Defesa da Rússia.
As manobras militares neste enclave no mar Báltico, entre a Polónia e a Lituânia, países membros da União Europeia (UE), consistiram numa simulação de “lançamentos electrónicos” de sistemas de mísseis balísticos móveis Iskander, com capacidade nuclear.
Em comunicado, que não faz referência a data das manobras, o Ministério da Defesa russo referiu que as forças russas realizaram ataques únicos e múltiplos contra alvos que simulavam zonas de lançamento de sistemas de mísseis, aeródromos, infraestruturas protegidas, equipamento militar e postos de comando de um inimigo fictício.
Após terem efectuado os disparos “electrónicos”, os militares realizaram uma manobra de mudança de posição, de forma a evitar “um possível ataque de retaliação”, pode ler-se.
As unidades de combate também praticavam “operações em condições de radiação e contaminação química”.
O exercício militar envolveu mais de 100 soldados, acrescentou Moscovo.
O anúncio deste teste militar ocorreu no 70.º dia da invasão russa da Ucrânia, que já resultou em milhares de mortos e causou a maior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial, com mais de 13 milhões de pessoas deslocadas.
Desde o início da “operação militar” que o Presidente russo, Vladimir Putin, tem produzido ameaças onde sugere estar disposto a implantar armas nucleares tácticas.
A Rússia colocou, de resto, as suas forças nucleares em alerta máximo logo após enviar tropas para a Ucrânia, em 24 de Fevereiro.
Putin alertou para uma retaliação “rápida como um relâmpago” em caso de intervenção directa do Ocidente no conflito ucraniano.
Segundo observadores, nos últimos dias a televisão estatal russa tentou tornar o uso de armas nucleares mais aceitável para o público.
“Há duas semanas que ouvimos na televisão que os silos nucleares devem ser abertos”, sublinhou na terça-feira Dimitri Muratov, editor de um jornal independente russo e Prémio Nobel da Paz 2021.
A Rússia iniciou na madrugada de 24 de Fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia – justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar o país vizinho para segurança da Rússia -, condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca ao desporto.