Jerusalém - Manifestantes palestinianos reuniram-se hoje para assinalar a "Nakba" ou "Catástrofe", num contexto de tensão com as forças israelitas, 74 anos após a criação do Estado de Israel, que forçou a um êxodo de mais de 700.000 pessoas.
As manifestações organizadas todos os anos a 15 de Maio, a partir da Cisjordânia, território palestiniano ocupado desde 1967, assim como em Israel, aconteceram sob fortes tensões, após a morte da jornalista da Al Jazeera, Shireen Abu Akleh, de 51 anos.
Na passada quarta-feira, a jornalista da Al Jazeera, canal de televisão pan-árabe do Qatar, foi morta com um tiro na cabeça enquanto cobria uma incursão de forças israelitas, no campo de refugiados palestinianos de Jenin, no norte da Cisjordânia.
A repórter da Al Jazeera estava vestida com um colete e um capacete que a identificavam como jornalista.
Na sexta-feira, quando o cortejo fúnebre saía do hospital St. Joseph, em Jerusalém Oriental, o sector palestiniano da cidade também ocupada por Israel, a polícia invadiu o complexo e tentou dispersar a multidão, que brandia bandeiras palestinianas.
O caixão com o corpo de Akleh quase caiu das mãos dos homens que o transportavam, quando foram atingidos por polícias armados com cassetetes, segundo imagens divulgadas pela televisão.
As imagens motivaram uma onda de críticas por parte da comunidade internacional, nomeadamente dos Estados Unidos, da União Europeia e do Conselho de Segurança da ONU.
Durante o dia de sexta-feira, a polícia israelita apresentou diversos argumentos para justificar a violência das suas forças, nomeadamente alegando cantos nacionalistas, incitação à violência e o alegado lançamento de pedras, e mais tarde dizendo que retirar o corpo da jornalista do hospital em ombros violava um acordo com a família para o fazer num veículo.
No sábado, a polícia israelita anunciou a abertura de uma investigação sobre a actuação dos seus agentes durante o funeral da jornalista palestiniana.
Tanto a Autoridade Nacional Palestina (ANP) como a Yazeera e vários jornalistas que estavam com Akleh quando morreu acusaram as tropas israelitas de a matarem.
O Governo israelita, por seu lado, responsabilizou inicialmente milicianos palestinianos e, mais tarde, afirmou que, de momento, não era possível determinar quem fez o disparo fatal.
Israel defendeu a realização de uma investigação conjunta com a ANP sobre a morte, mas a autoridade palestiniana rejeita essa proposta.