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Fatah acusa Hamas de estar desligado do sofrimento dos palestinianos

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  • Luanda • Domingo, 17 Março de 2024 | 16h49
Bandeira da Palestina
Bandeira da Palestina
Foto Divulgação

Jerusalém - A Fatah, partido do presidente da Autoridade Palestiniana, repudiou hoje críticas do Hamas à nomeação de um novo primeiro-ministro, responsabilizando o grupo islamita pela actual guerra com Israel e acusando os dirigentes de estarem desligados do sofrimento dos palestinianos.

O Hamas, que controla a Faixa de Gaza, criticou na sexta-feira a nomeação - pelo presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas - de Mohammad Mustafa para liderar o executivo, considerando que esta decisão aprofunda a divisão entre palestinianos numa altura em que a unidade é necessária para combater "a guerra de extermínio lançada pela ocupação em Gaza".

O grupo palestiniano condenou ainda que a nomeação tenha sido feita sem que o Hamas tenha sido consultado, num exercício de "exclusividade" em detrimento do povo palestiniano, que precisa de "unidade nacional".

Em resposta, a Fatah responsabilizou o Hamas pelo actual conflito em Gaza, após o ataque sem precedentes em território israelita, em 07 de Outubro.

"Aquele que provocou a reocupação da Faixa de Gaza por Israel e a nova catástrofe que o povo palestiniano está a sofrer não tem o direito de ditar as prioridades nacionais", afirmou o partido, num comunicado divulgado pela agência noticiosa palestiniana Wafa.

A Fatah expressou "choque e desaprovação" perante o discurso do Hamas sobre "exclusividade e divisão", antes de perguntar ao movimento islamita se "consultou a liderança palestiniana ou qualquer partido nacional palestiniano quando tomou a decisão de embarcar na aventura de 07 de Outubro", que desencadeou o actual conflito, descrito pela formação de Abbas como "uma catástrofe ainda mais horrível e cruel do que a 'nakba' (o êxodo palestiniano) de 1948".

Reiterando que o presidente Abbas agiu com legitimidade e em conformidade com a lei ao nomear Mustafa, a Fatah denunciou a "desconexão" dos dirigentes do movimento islamista, incapazes de compreender que "a prioridade de todos os palestinianos neste momento é acabar com a guerra, reconstruir a Faixa de Gaza e acabar com a divisão".

Da mesma forma, afirmou que o novo primeiro-ministro defenderá "uma agenda nacional de intenções", antes de denunciar as ligações entre o Hamas e o Irão, traduzidas em "falsas intenções que só trouxeram desgraças ao povo palestiniano".

"Talvez o Hamas queira que seja Teerão a nomear o primeiro-ministro", ironizou a Fatah.

Por fim, a organização política "denuncia as práticas da direção do Hamas" face ao que descreve como o genocídio de palestinianos em Gaza e sublinha "a vida confortável dos seus dirigentes em hotéis de sete estrelas", perguntando: "Porque é que os seus dirigentes vivem no estrangeiro e abandonam os palestinianos à sua sorte contra uma guerra brutal de extermínio sem qualquer protecção?".

Por fim, a Fatah apela aos dirigentes do Hamas para que "ponham fim à sua política de dependência em relação às agendas estrangeiras" e "regressem ao lado nacional para pôr fim à guerra e salvar o povo e a causa palestiniana da liquidação", com o objetivo último de "salvar o povo palestiniano" e, no futuro, dar forma ao "Estado da Palestina, com Jerusalém como capital".

A nomeação de Mustafa surge quase um mês depois do pedido de demissão do anterior primeiro-ministro, Mohamad Shtayé, que tinha descartado a possibilidade de a Autoridade Palestiniana voltar a controlar Gaza após o fim do conflito entre Israel e o Hamas, se não houver um processo de paz que conduza à criação de um Estado palestiniano, com Jerusalém como capital.CS

 



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