Washington - A Casa Branca reagiu com ironia ao anúncio feito hoje pelo Presidente russo, Vladimir Putin, de que vai concorrer à reeleição em 2024, sugerindo que já se sabe o resultado do escrutínio.
"Bem, vai ser uma batalha épica, não é?", ironizou John Kirby, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da presidência norte-americana, quando questionado sobre o anúncio do líder do Kremlin.
"É tudo o que tenho a dizer sobre isso", disse o porta-voz.
Vladimir Putin, de 71 anos, anunciou hoje que vai concorrer a um quinto mandato nas eleições presidenciais russas de 17 de Março de 2024, com a sua reeleição a colocar poucas dúvidas, após quase um quarto de século no poder e a repressão dos opositores.
O chefe de Estado russo, que pode candidatar-se em 2024 e 2030 após uma controversa revisão constitucional feita em 2020, teoricamente pode permanecer no Kremlin (presidência) até 2036, ano em que completa 84 anos.
Nenhum crítico do Kremlin deverá poder candidatar-se a eleições, já que as autoridades têm vindo a reprimir a oposição há anos.
A repressão acelerou-se com a guerra e invasão da Ucrânia, iniciada pelo exército russo em 24 de Fevereiro de 2022.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, com uma campanha de reeleição no próximo ano que promete ser dura, alertou no início desta semana que a suspensão da ajuda dos EUA à Ucrânia seria "o maior presente" para Vladimir Putin.
Instando o Congresso a aprovar um novo pacote de ajuda a Kiev, Joe Biden avisou que o Presidente russo, se conseguir tomar a Ucrânia, "não vai ficar por ai".
Entretanto, o presidente russo está no poder desde 2012, depois de um primeiro período na presidência entre 2000 e 2008.
Vladimir Putin, o presidente russo e a principal figura do país a seguir à queda da União Soviética, vai voltar a candidatar-se à presidência da Rússia, anunciando esta sexta-feira a sua candidatura às presidenciais russas de 2024.
Putin fez o anúncio durante uma cerimónia de condecorações no Kremlin. Segundo a agência estatal russa RIA Novosti, o presidente já tinha revelado a sua intenção em recandidatar-se a um comandante russo que combateu na Ucrânia.
Esta será a quinta vez que o líder russo se candidata à presidência da Rússia.
Vladimir Putin foi presidente entre 2000 e 2008, começando a afirmar-se como o homem forte no Kremlin e a construir o seu regime e a sua manutenção no poder.
Putin passou depois para primeiro-ministro, com a presidência a passar para Dmitry Medvedev, mas o poder continuou nas mãos da mesma pessoa.
Em 2012, passa de primeiro-ministro novamente para chefe de Estado, cargo que manteve até agora após anos de invasões na Ucrânia, de grande divergência com o Ocidente e com os Estados Unidos e de grande repressão política interna.
Apesar das difíceis condições económicas, impostas pelas sanções do Ocidente, de vários anos de conflito, da falta de liberdade de expressão e da repressão policial a qualquer forma de dissidência, Vladimir Putin mantém-se um líder claramente favorecido pelos russos, por muito por causa da gigante campanha de propaganda do Kremlin.
O presidente sobreviveu a várias tentativas de democratizar o país, com a ameaça mais forte ao seu poder a ser Alexei Navalny, que se encontra preso após ter sido envenenado, e as manifestações pró-democracia de 2021 que foram violentamente terminadas.
Recentemente, uma rebelião pelo líder mercenário Yevgeny Prigozhin, outra ameaça à sua continuidade em Moscovo, foi rapidamente afastada e Prigozhin acabou por morrer num misterioso acidente de aviação.
A aparente invencibilidade e omnipotência de Vladimir Putin na Rússia foi ainda mais firmada, com o presidente a alterar a constituição, que passou a permitir que este prolongue o seu mandato.
Caso Putin ganhe, e o mais provável é que ganhe, já que não há concorrência directa e o regime tem um historial de manipulação eleitoral, o presidente de 71 anos irá tornar-se no líder do Kremlin há mais tempo no poder desde Estaline. GAR