Washington - Um tribunal federal dos Estados Unidos acusou hoje, quinta-feira, o dono do fundo de investimentos Archegos, Bill Hwang, de 11 acusações de fraude e crime organizado, no seguimento do esquema de manipulação de acções, descoberto no ano passado.
De acordo com a agência espanhola de notícias, a EFE, o assessor financeiro da Archegos, Patrick Halligan, foi acusado dos mesmos crimes, e ambos declararam-se não culpados na sua primeira aparição perante a juíza Jennifer Willis.
Segundo a acusação, Hwang e Halligan montaram um esquema para manipular o preço das acções detidas pela Archegos e assim defraudar bancos e fundos de investimento, o que fez com que a carteira do fundo passasse.
Em apenas um ano, de 1,5 mil milhões de dólares, para 35 mil milhões de dólares, ou seja, de 1,4 mil milhões de euros, para mais de 33 mil milhões de euros.
O esquema de manipulação do mercado desmoronou-se em Março do ano passado e teve um impacto significativo em entidades financeiras globais como o Credit Suisse, Nomura, UBS ou Morgan Stanley, que apesar da rapidez com que tentaram livrar-se da carteira destes 'activos tóxicos'.
Sofreram perdas milionárias, como por exemplo os 4 mil milhões de euros de perdas reportados pelo Credit Suisse no primeiro trimestre do ano passado.
"As mentiras alimentaram a inflação dos preços das acções, a subida alimentou as mentiras e no ano passado a música parou, a borbulha rebentou, os preços caíram, e então milhares de milhões de dólares evaporaram-se de um dia para o outro", disse o procurador distrital de Manhattan, Damian Williams.
O escândalo voltou a colocar em cima da mesa o problema dos complexos produtos financeiros derivados, que estiveram na base da queda do Lehman Brothers e que evoluiu para uma crise financeira e económica mundial, em 2007 e 2008, já que a Archegos utilizou esses mesmos instrumentos de ocultação da alavancarem como parte central da sua estratégia.