Washington - Os Estados Unidos autorizaram, pela primeira vez em seis décadas, um investimento num negócio privado em Cuba, disse na quarta-feira o presidente do Conselho Económico cubano-norte-americano, John Kavulich, segundo noticiou hoje agência EFE.
Kavulich assegurou que ter mantido contactos com o governo de Joe Biden.
John Kavulich, que é o investidor deste negócio, explicou à agência EFE que manteve durante quase um ano contactos com funcionários do governo do Presidente Joe Biden e elementos do Congresso norte-americano, que terão ajudado a concluir com sucesso esta operação.
O líder do Conselho Económico cubano-norte-americano não adiantou muitos detalhes sobre o investimento de até "25.000 dólares" (cerca de 23.900 euros), nem o nome da empresa cubana, referindo que espera ainda o aval do governo de Cuba, Miguel Díaz-Canel.
A mesma fonte assegurou, no entanto, que o negócio não está relacionado com o governo cubano, que tem mais de cinco anos no sector dos serviços e que apresenta um crescimento contínuo.
O empresário também não adiantou quais foram os interlocutores dentro do governo norte-americano, apontando que eram "funcionários do governo Biden-Harris, incluindo o Departamento de Estado.
Além citados intervieram o Departamento do Tesouro, o Departamento de Comércio, o Departamento de Defesa, o Departamento de Justiça em todas as áreas, bem como com ambas as câmaras do Congresso.
O embargo dos Estados Unidos a Cuba, em vigor desde 1960, impede este tipo de investimento e, segundo John Kavulich, é a primeira vez que este tipo de licença é aprovado, desde que o boicote entrou em vigor.
Até ao momento, nenhum membro do governo de Biden quis pronunciar-se sobre este assunto ou sobre um possível levantamento do embargo aos investimentos em Cuba, refere ainda a EFE.
O investidor norte-americano apresentou o pedido de licença ao Departamento de Controlo de Activos Estrangeiros (OFAC) em 10 de Junho de 2021 e esta agência deu luz verde em 10 de Maio de 2022.
John Kavulich salientou ainda que as suas negociações com a Casa Branca e o Congresso são "muito anteriores" ao governo de Biden.
O norte-americano, que descobriu graças a um grupo na rede social Facebook, ainda precisa da aprovação de Cuba para poder investir nesta empresa, mas o empresário diz ter "90% de certeza" de que vai conseguir.
"A minha percentagem de certeza não é pelo entusiasmo do governo cubano, mas pela necessidade", referiu, apontando que é cada vez mais evidentes as dificuldades na economia da ilha desde a pandemia de covid-19.
O objectivo do investidor também não é um retorno rápido, mas ser facilitador para futuros investimentos.
"O meu papel, como presidente do Conselho, e o trabalho que o Conselho tem feito desde 1994, é que, se houver um problema, tentamos resolvê-lo e depois informamos a todos o que fizemos", acrescentou.
Na terça-feira, o Presidente dos Estados Unidos deu mais um passo na abertura face a Cuba, ao anunciar que vai restabelecer os voos comerciais para Cuba e suspender o limite de 1.000 dólares por trimestre para as remessas, revertendo algumas das medidas mais duras do seu antecessor Donald Trump.
Joe Biden também vai restabelecer um programa de reunificação familiar que estava suspenso há anos, segundo um comunicado do Departamento de Estado, citado pela agência de notícias espanhola EFE.
O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros norte-americano, Ned Price, afirmou em comunicado que as medidas visam mostrar apoio ao povo cubano e dar-lhes ferramentas para alcançar uma "vida livre" fora da "opressão" do governo do seu país e ajudá-los a procurar melhores oportunidades económicas.