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EUA: Autoridades recusam entregar corpos de manifestantes, diz ONU

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  • Luanda • Sexta, 28 Outubro de 2022 | 16h39

Nova Iorque - A ONU acusou hoje as autoridades iranianas de recusarem-se, em alguns casos, a entregar às famílias os corpos de manifestantes mortos durante os protestos contra a morte da jovem Mahsa Amini, ocorrido em Setembro deste ano.

"Estamos particularmente preocupados com as notícias de que os manifestantes feridos estão a ser transferidos dos hospitais para os centros de detenção, e que as autoridades se recusam a entregar os corpos das pessoas mortas às suas famílias", disse a porta-voz do Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH), Ravina Shamdasani, citada pela agência espanhola EFE.

Shamdasani disse que, em alguns casos, as autoridades impõem condições para entregar os corpos às famílias, incluindo a proibição de realizarem funerais públicos ou de prestarem declarações a jornalistas.

Há informações de que alguns manifestantes detidos também não receberam tratamento médico, disse a porta-voz durante uma conferência de imprensa em Genebra.

O Governo iraniano não comentou ainda as alegações do ACNUDH.

As autoridades iranianas não têm revelado o número de mortos nos protestos, mas organizações de defesa dos direitos humanos disseram que ascenderá a duas centenas.

O regime iraniano acusou o Ocidente de se imiscuir nos seus assuntos internos e disse que os inimigos do Irão estavam a inventar conspirações contra o país.

Trata-se de uma das maiores ondas de protestos no Irão desde a revolução de 1979, que derrubou o regime do então xá Reza Pahlevi e levou à instauração da república islâmica.

Cerca de 20 relatores da ONU e outros peritos apelaram, esta semana, para a criação de um mecanismo internacional para investigar a situação dos direitos humanos no Irão, na sequência da repressão dos protestos.

Pediram também que a questão seja discutida numa sessão especial do Conselho de Segurança da ONU.

O Irão tem sido abalado por protestos desde a morte de Amini, em 16 de Setembro, três dias depois de ter sido detida em Teerão pela chamada "polícia dos costumes" por alegadamente usar o véu islâmico de forma incorrecta.





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