Berlim - O estado federado da Renânia do Norte-Vestefália, o mais populoso da Alemanha, tem eleições marcadas para domingo, com uma possível vitória da União Democrata-cristã (CDU) a desafiar seriamente o governo de Olaf Scholz.
Com um índice de popularidade desgastado pela actuação da Alemanha em relação à guerra na Ucrânia, o líder do executivo formado pela 'coligação semáforo' (Partido Social Democrata, Verdes e Liberais), espera poder ganhar o escrutínio do próximo domingo e reforçar o seu poder.
Martin Kessler, editor de política do jornal Rheinische Post, com sede em Dusseldorf, capital da Renânia do Norte-Vestefália, esclarece que esta ida às urnas é vista como "uma espécie de amostra de uma eleição federal".
"Podemos perceber qual a inclinação dos alemães, e funciona como um teste ao nível nacional, ainda que o próximo escrutínio geral só aconteça daqui a quatro anos", revelou, em declarações à agência Lusa, acrescentando que o Partido Social Democrata alemão (SPD) está, nesta altura, "em declínio".
"Principalmente porque Scholz ainda não explicou a situação dramática em que nos encontramos. Deu um fantástico discurso a 27 de fevereiro, mas desde então tem estado em silêncio, protelando o envio de armas pesadas à Ucrânia. No dia 8 de maio voltou a falar (...) e estou completamente de acordo com o que disse, mas o tom do seu discurso não foi empático, e isso pode ser um problema para ele", salientou.
O atual governo da Renânia do Norte-Vestefália é formado por uma coligação entre a CDU e os Liberais do FDP.
De acordo com a última sondagem, apresentada, esta quinta-feira, pelo instituto INSA, a CDU, partido da antiga chanceler Angela Merkel, deverá vencer as eleições com 32%, com o SPD em segundo lugar (28%), seguido dos Verdes (16%).
"O SPD está interessado em vencer para mostrar que os sucessos das eleições no parlamento e na região do Sarre não foram excepção, mas que todos têm de contar com o SPD no desenvolvimento futuro da política alemã", sustentou o politólogo Lothar Probst à Lusa.
"Por outro lado, a CDU quer mostrar que o que aconteceu na região de Schleswig-Holstein (onde a CDU venceu as eleições no fim de semana passado) não foi excepção, e que os conservadores estão de volta ao palco. Também para Friederich Merz, o resultado das eleições da Renânia do Norte-Vestefália é importante para sublinhar a sua posição de líder do partido", adiantou.
Mais do que um impacto regional, Martin Kessler realça as "implicações na forma de encarar a política em todo o país".
"Se a CDU vencer, a 'coligação semáforo', que actualmente governa, terá de aprender a cooperar mais com os democratas-cristãos. Se o SPD vencer, então o governo sairá reforçado", apontou, acrescentando que o executivo actual "não tem feito um mau trabalho" em relação à guerra na Ucrânia, questões ambientais, crise energética e a pandemia de covid-19.
Lothar Probst duvida que Olaf Scholz mude a sua política depois das eleições na Renânia do Norte-Vestefália, um dos centros industriais do país, "particularmente no que diz respeito à guerra ucraniana".
"Eventualmente, irá melhorar o seu estilo de comunicação com o público se as eleições acabarem por derrotar o seu partido", antecipa o politólogo alemão.
As eleições para escolher o 18º governo federal da Renânia do Norte-Vestefália estão marcadas para domingo.