Berlim - O Governo alemão aprovou a exportação de armas para a Arábia Saudita no final de 2023, decisão tomada pela primeira vez desde 2018, anunciou hoje o porta-voz do executivo, Steffen Hebestreit.
No final do ano passado, foi aprovado o envio de mísseis ar-ar telecomandados do tipo Iris T, como se pode verificar numa comunicação do Ministério da Economia à Comissão de Assuntos Económicos do Bundestag (câmara baixa do Parlamento), segundo a revista Der Spiegel.
Segundo essa comunicação, o fabricante Diehl Defense poderá enviar estas armas para Riade após um acordo alcançado pouco antes do Natal entre o chanceler alemão, Olaf Scholz, e vários ministros.
Em Novembro de 2018, Berlim ordenou a cessação das exportações de armas para a Arábia Saudita, alegando a participação daquele país na guerra civil do Iémen e o assassínio do jornalista Jamal Khashoggi.
Ficaram excluídos desta regra as componentes de armas construídas em projectos de cooperação com outros parceiros, incluindo os Eurofighters construídos pela empresa britânica BAE.
A Arábia Saudita tem actualmente 72 caças desse tipo que agora podem ser armados com mísseis Iris T.
O regresso às exportações de armas para a Arábia Saudita representa um abandono do rumo rígido que Berlim tinha seguido, o que gerou críticas por parte de organizações de defesa de direitos humanos.
No entanto, o Governo alemão acredita que a Arábia Saudita está a trabalhar no sentido de uma solução diplomática para o conflito do Iémen.
No domingo passado, a ministra dos Negócios Estrangeiros alemã, Annalena Baerbock, disse durante uma viagem ao Médio Oriente que a Alemanha está aberta à possibilidade de enviar 48 Eurofighters para a Arábia Saudita.
Segundo o Governo alemão, a Arábia Saudita bloqueia mísseis disparados do Iémen pelos rebeldes houthi do Iémen contra Israel, numa tentativa de reduzir as possibilidades de uma escalada na região. JM