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Mwene Mbandu IV entronizado Sábado para unificar 15 milhões de súditos

     Cultura              
  • Moxico • Quinta, 06 Outubro de 2022 | 09h15
Moxico: Rei do povo Mbunda, Mwene Mbandu IV
Moxico: Rei do povo Mbunda, Mwene Mbandu IV
Cedida

Luena – O sucessor do finado rei Mwene Mbandu III, o soberano Mwene Mbandu IV, será entronizado este Sábado, na vila de Lumbala Nguimbo, sede municipal dos Bundas (Moxico), com desafios de reunificar os 15 milhões de súditos das repúblicas de Angola, Zâmbia, Namíbia Zimbabwe e Democrático do Congo (RDC).

Com a morte de Mwene Mbandu III, vítima de doença em Julho de 2021, o próximo monarca tem o nome civil de João Pedro Mussole e a alcunha honorífica Mwene Mbandu IV.

De 64 anos de idade, natural de Lumbala Nguimbo, município dos Bundas, “Santuário do reino”, Mwene Mbandu IV terá uma tarefa árdua de continuar a pacificar os povos, valorizar os traços culturais e unidade do reino que abrange um quinteto de países da região da África Austral.

Mwene Mbandu IV, que será o 24º rei, de acordo com a classificação de chefes supremos da soberania Mbunda, aguarda-lhe igualmente a desafiante promoção da sã convivência com as outras tribos, no caso do Moxico, com os Cokwe (a mais falada), Luvale, umbundu e, no Cuando Cubango, os Nganguelas, entre outros.

A escolha deste monarca obedeceu a critérios rigorosos como conhecimento da cultura, domínio da língua e a simplicidade, pressupostos observados com rigor e de consenso pelo Alto Conselho Tradicional de Angola, Zâmbia, Namíbia, Zimbabwé e do Congo Democrático.

Houve ainda envolvimento directo da família do ex-líder Mwene Mbandu III, que fez “ressurgir” a monarquia Mbunda entre Agosto de 2008 e Julho de 2021.

Perfil de Mwene Mbandu IV

João Pedro Mussole nasceu na vila de Lumbala Nguimbo, município dos Bundas, província do Moxico, no dia 30 de Outubro de 1958.

É casado, pai de cinco filhos e 12 netos. Tem um currículo rico na vida cristã, chegando a ancião da União de Igrejas Evangélica de Angola (UIEA), além de um bacharelo em Teologia pela universidade Christian de Lagos, Nigéria.

Origem do povo Mbunda

Reza a história que em 1400 um grupo de pessoas Bantu, no antigo Sudão, foram emigrando no continente, e entre estes estavam os Mbundas, um dos grupos étnicos mais antigo e maior na África Austral.

Os mbundas instalaram-se em Kola, actual República Democrático do Congo (RDC), e estendido em Angola (Moxico e Cuando Cubango), República da Zâmbia, Namíbia e Zimbabwé.

O povo comunicativo Mbunda, que remonta bem antes da Dinastia Mwantiyavwa (soberano dos Cokwe) no Sudão, caminharam à sul através Kola, antes da extensão, entraram em contacto com os reinos Luba e Ruund da RDC.

Segunda a bibliografia, a designação Mbunda pode ser encontrada em várias outras línguas, além da própria língua Mbunda, referindo-se ao solo. Mbunda, literalmente, significa vermelho ou terra vermelha, mas, também, pode significar carne.

No país, este povo desenvolveu-se mantendo unida e consolidada a sua cultura, língua e a sua soberania como o território Mbunda, nas áreas entre o Norte do rio Lunguebungo até ao Sul do rio Cuando, e o oeste do rio Kueve, séculos antes da vinda dos colonialistas portugueses, no território actualmente designado por Angola.

O reerguer do Reino

Com o advento da paz em Angola, em 2002, o povo da tribo Mbunda reuniu-se a fim de restaurar, também, o seu reino, que depois de um árduo trabalho de pesquisa nomeou um dos membros da família real descendente de Mwene Kazungo Shanda, isto no dia 16 de Agosto de 2008.

Mwene Mbandu Lifuti ou simplesmente ¨Mwene Mbandu III¨, era entronizado como o 23º rei da dinastia.

Mwene Mbandu III, nasceu no dia 09 de Agosto de 1950, no vale do rio Luati, comuna de Ninda, município dos Bundas, província do Moxico, e que faleceu aos 71 anos de idade, em 2021.

Mwene Mbandu III foi um acérrimo defensor da cultura africana, homem de uma cosmovisão, sabedoria abrangente, um exímio historiador, e, sobretudo, detentor de uma singular probidade de carácter, lealdade exemplar e integridade admirável.

O soberano que deixou uma viúva, três filhos e 13 netos, cedeu, igualmente, um legado notável que servirá de alicerce à defesa da cultura e tradição do povo angolano, sobretudo os Mbundas.

 





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