Lubango - Doze técnicos de campo do Instituto Superior de Ciências de Educação (ISCED) da Huíla foram treinados, em Janeiro último, para trabalhar no projecto de “Diagnóstico Participativo da Comunidade San”, nas províncias da Huíla, do Cuando Cubango e do Cunene.
A iniciativa é do Centro de Investigação e Desenvolvimento da Educação (CIDE) e financiada pela Organização de Coordenação para o Desenvolvimento Económico e Comunitário (OCADEC), cujo objectivo é capacitar os investigadores com ferramentas necessárias para realizar entrevistas e recolher informações sensíveis sobre a comunidade San, disse o responsável do referido centro, Vladi Pereira.
Em declarações à ANGOP, Vladi Pereira, realçou que coube ao ISCED, primeiro trabalhar na criação de um instrumento com o uso de um Software, que permite não só tirar a recolha das formas de vida, mas também a localização desses grupos, porque muitos não são totalmente nómadas.
Após a criação desse instrumento, disse a fonte, durante três dias, os técnicos foram capacitados para o seu maneio, para durante três meses trabalharem nas províncias da Huíla, do Cunene e do Cuando Cubango, na recolha e tratamento preliminar dos dados que serão monitorados pelo ISCED-Huíla.
Sublinhou que na Huíla, o inquérito já começou, estando os técnicos a trabalhar no município da Cacula, onde fizeram um levantamento na ordem dos 60 por cento. O ponto seguinte é a Humpata, num processo que tem em conta uma pré-análise, pelo facto de serem povos nómadas.
“Neste inquérito o que se pretende é aferir a forma de vida deste povo, desde o número de pessoas por agregado, idade média, forma de rendimento, a subsistência, suas práticas, questões da biodiversidade, o tipo de plantas que consomem, se tem algum conhecimento sobre biodiversidade e conservação da natureza”, elucidou.
Com esse estudo, conforme o académico, espera-se ter um melhor retrato sobre essas populações e arranjar formas de apoiar esses grupos minoritários e a OCADEC tem outros projectos, também de apoios sociais, com valores monetários e alguns insumos agrícolas, assim como a entrega de animais.
A comunidade San faz parte dos primeiros povos de Angola, antes da invasão dos bantu, no início do século VI d.C. Hoje os San vivem riscos de extinção, com a sua longevidade em decadência, devido, sobretudo, à influência de hábitos alimentares alheios à sua cultura, antes baseada na caça e na recolecção de frutos silvestres, actividades hoje afectadas pelas alterações climáticas. BP/MS