Luanda - Os dados a serem apurados durante o Recenseamento Geral da População e Habitação “Censo 2024”, que inicia a 19 deste mês, servirão de ponto de partida para projectar o futuro do país, considerou, esta segunda-feira, o economista Daniel Sapateiro.
Em declarações à ANGOP, em Luanda, a propósito do processo, o especialista avançou que o Censo vai também permitir que os próximos orçamentos gerais do Estado e programas públicos e privados se adeqúem à realidade da população angolana, sabendo a taxa de natalidade, o número de habitantes, modo de vida, cidadãos com e sem emprego, bem como a identificação das suas localidades.
“Se Angola souber explorar ao máximo os resultados do Censo, sabendo realmente onde deve ser canalizado o dinheiro ou investimento, o país poderá desenvolver, rapidamente, o sector da produção agrícola e da indústria, por exemplo, facto que permitirá concorrer com os mercados dos países vizinhos e da região da SADC”, realçou.
Entre outras vantagens, Daniel Sapateiro referiu que o recenseamento populacional ajuda também a melhorar a distribuição de água potável às famílias e prevenir a sociedade de várias doenças, com realce para o paludismo, ou malária, que é a principal causa de morte em Angola.
Porém, o economista defende que os resultados preliminares e definitivos sejam publicados dentro de seis meses e um ano, respectivamente, após os 30 dias do período censitário.
Com isto, referiu, os cidadãos e fazedores de opinião teriam disponíveis, num curto espaço de tempo, as informações estatísticas que servem para elaboração de estudos e traçar estratégias para melhoria das condições de vida das populações.
Disse esperar que os dados sejam úteis para a elaboração de estatísticas internas, a serem feitas pelos próprios angolanos, com os dados do país, deixando de recorrer-se aos estudos de instituições internacionais para elaborar relatórios ou estatísticas nacionais.
Por outro lado, apontou a possível existência de algumas pessoas sépticas ou que se recusam em fornecer dados fiáveis aos recenseadores como um dos principais factores que poderá atrapalhar o processo.
Por isso, o especialista apela os cidadãos para receberem os recenseadores e serem honestos ao responderem o questionário, para que as políticas públicas sejam feitas com base na realidade dos angolanos.
Sob o lema "Juntos contamos por Angola”, o Censo 2024 foi antecipado pelo processo de actualização da malha cartográfica angolana e pelo censo piloto, realizado em sete das 18 províncias do país.
O recenseamento geral, que conta com mais de 79 recenseadores, surge dez anos depois de Angola ter realizado o Censo 2014, que decorreu de 16 a 31 de Maio.
Na altura, a população angolana foi estimada em 25 milhões 789 mil e 24 habitantes, dos quais seis milhões 945 mil e 386 viviam em Luanda, sendo a província mais populosa de Angola.
Do universo do recenseamento de 2014, 12 milhões 499 mil e 41 eram homens e 13 milhões 289 mil e 983 mulheres.
O Recenseamento Geral da População e Habitação tem como objectivos disponibilizar base de dados para o planeamento, gestão e tomada de decisões, bem como construir uma base de amostragem para a selecção de amostras de inquéritos junto aos agregados familiares.
Consta igualmente dos objectivos, conhecer a estrutura da população para todas as unidades administrativas do país, reforçar a capacidade nacional técnica e material para conduzir recolhas futuras de dados.
Dados indicam que a primeira tentativa para registar dados populacionais em Angola aconteceu a 21 de Maio de 1770, facto que permitiu obter uma estimativa da população categorizada por idade, sexo, nascimento e morte.
Mais tarde, no século 20, houve o recenseamento da população em 1970, tendo apurado a existência de perto de 5,6 milhões de pessoas. QCB/VC