Lubango - O Instituto Nacional do Café de Angola (INCA ) pretende , até 2024, tornar o sector da Vila Branca, comuna da Negola, município de Caluquembe (Huíla), num importante centro de multiplicação de semente de café, um processo que já começou em 2020.
O projecto começou com cinco mil plantas e este ano já atingiu as 35 mil.
Na região, estão cadastrados 80 cafeicultores, mas as projecções indicam que esse número venha triplicar nos próximos dois anos, dados incentivos que estão ser prestados aos produtores, para se atingir uma safra de 200 toneladas por ano até 2022, contra as actuais 40.
Em declarações à Angop, no quadro do Dia Mundial do Café, que hoje se assinala, do director do INCA, director da instituição, Bonifácio da Costa Francisco, disse que a iniciativa do governo de Angola é relançar a multiplicação da semente do “bago vermelho”.
A semente, segundo a fonte, será entregue em função da necessidade dos produtores de Caluquembe e depois de Caconda, onde cada um vai receber até três mil pés de café.
Informou que com essa ajuda, em dois anos e meio, a Vila Branca estará em condições de começar a distribuir semente para outras zonas da região norte da província, que será potencializada com instrumentos necessários para a cultura e tratamento da produção.
Por sua vez, a administradora municipal de Caluquembe, Mariana Soma, realçou que o município tem história na multiplicação do café e se INCA elegeu a localidade para essa missão, tudo será feito para que a futura semente não tenha necessidade de vir do Cuanza Sul.
“A localidade da Vila Branca tem um valor agregado por ter terra disponível e acesso a água, facilitando a produção em sequeiro e regadio. Agora temos de acompanhar a implementação do projecto, pois a multiplicação de sementes tem uma especificidade de necessitar acompanhamento técnico mais apurado”, frisou.
Entretanto, o presidente da cooperativa de cafeicultores da Vila Branca, José Joaquim, disse ser uma oportunidade para os produtores mostrarem o seu potencial, elogiando a iniciativa do INCA, pois a aquisição da planta do café afigurava-se como uma grande dificuldade.
A história do aparecimento do café em Angola, confunde-se com a de Caluquembe, que experimentou o cultivo do produto por volta de 1886, quando em algumas partes do mundo, sobretudo no árabe, era passível de pena de morte a coberto de uma “lei seca”, já que tinha a fama de embebedar, tal é o significado árabe do seu conceito.
O café, na Huíla, veio da Etiópia, chegou ao planalto huilano por colonos portugueses, por volta do século XIX, que o levaram para Caconda, há 230 quilómetros a norte do Lubango, de onde saiu para Caluquembe, pelas mãos de missionários alemães.
A aventura gerou frutos e tornou aquele velho concelho no maior produtor, na altura, do sul do país e que alimentou a indústria afim, com sede no município da Ganda, de onde seguia ao Porto do Lobito, para exportação.