Maseru - O partido vencedor das eleições gerais no Lesoto, Revolução para a Prosperidade (RFP, na sigla em inglês), vai formar um Governo de coligação com outras duas forças da oposição, anunciou hoje o seu líder, Sam Matekane.
O RFP, que obteve 56 dos 120 assentos na Assembleia Nacional, a câmara baixa do parlamento do Lesoto, vai coligar-se com o Movimento para a Mudança Económica (MEC) e a Aliança de Democradas (AD), anunciou à imprensa o milionário e candidato surpresa das eleições legislativas de quinta-feira.
A AD, liderada pelo ex-vice-primeiro-ministro do Lesoto Monyane Moleleki (2017-2020), conquistou cinco assentos parlamentares, enquanto o MEC, liderado pelo antigo ministro Selibe Mochoboroane, elegeu quatro deputados.
Os três partidos juntos somam 65 deputados, mais do que a maioria absoluta de 61.
A nova coligação, cujo anúncio motivou festejos nas ruas da capital, Maseru, comprometeu-se a dar explicações sobre as suas promessas eleitorais quando cumprir 100 dias no Governo.
Depois da RFP, os dois partidos mais votados foram o Congresso Democrático (DC), que reuniu 29 assentos, e o Congresso de Todo o Basotho (ABC), que governava em coligação desde 2017 e agora reduziu a sua representação parlamentar a oito deputados.
O Lesoto, um dos países mais pobres do mundo, com uma monarquia constitucional, foi a votos na sexta-feira, com mais de 50 partidos concorrentes, dos quais apenas três aspiravam a governar os 2,1 milhões de habitantes.
Segundo os 'media' locais, as eleições tiveram uma das participações mais baixas da história do país, com 37,7 por cento.
Nas anteriores eleições, em 2017, a participação fora de 47 por cento, com a Convenção de Todo o Basotho a eleger 48 deputados, enquanto o Congresso Democrata elegeu 30.
O parlamento tem 120 lugares e dois terços dos deputados são eleitos pelo escrutínio maioritário e o restante terço de forma proporcional.
Nos últimos 10 anos, nenhum partido obteve a maioria absoluta nas urnas e têm-se sucedido governos de coligação, mas com as divisões e mudanças de estratégia a tornarem-nos ineficazes.
As eleições da semana passada realizaram-se após fracassarem as tentativas iniciadas em 2012 para promover uma reforma constitucional que pusesse fim à instabilidade crónica, com medidas para limitar o poder excessivo do chefe do Governo ou a politização das forças de segurança e o poder judicial, entre outras.
Observadores eleitorais da União Europeia, da Commonwealth, da União Africana e da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral acompanharam o processo eleitoral da semana passada.
O rei Letsie III do Lesoto, um enclave situado na África do Sul, preside a uma monarquia constitucional, mas não tem praticamente nenhum poder político.
O país viveu numerosos golpes de Estado desde que conquistou a independência do Reino Unido em 1966.