Tunís - A Justiça anti-terrorista da Tunísia prendeu segunda-feira o ex-primeiro-ministro e também dirigente do partido islâmico Ennahdha Ali Laarayedh, após horas de interrogatório, indicou esta terça-feira a força política da oposição em comunicado.
Segundo o documento, Ali Laarayedh foi detido pelo suposto envolvimento numa rede que enviou jovens jiadistas para as zonas de conflito após a queda, em 2011, do regime ditatorial de Zin El Abidin Ben Ali.
No comunicado, o líder do Ennahdha e ex-presidente do agora dissolvido Parlamento, Rached Ghannouchi, negou as acusações, considerando-as um ataque "desesperado" do Presidente da Tunísia, Kais Said - que assumiu o poder total em julho de 2021 - para "esconder o fracasso catastrófico da farsa das eleições legislativas".
Nos últimos meses, as forças de segurança tunisinas também prenderam, neste caso, o ex-líder do Ennahdha Habib Al Louz, o empresário e proprietário da companhia aérea Syphax Airlines, Mohamed Frikha, e o antigo director-geral de Fronteiras Lotfi Seghaïer.
A oposição, incluindo a coligação em torno da Frente de Salvação Nacional (FSN), que inclui o Ennahdha, declarou não reconhecer a legitimidade do chefe de Estado, e exigiu a respectiva renúncia, solicitando a convocação eleições presidenciais antecipadas.
Após a queda da ditadura, milhares de tunisinos juntaram-se a grupos jiadistas, incluindo o grupo Estado Islâmico (EI), no Iraque, na Síria e na vizinha Líbia.
O país tornou-se o primeiro "exportador" de jiadistas do mundo, com cerca de 5.000, segundo um estudo das Nações Unidas, e em 2015 sofreu vários atentados no seu território, em que morreram 72 pessoas, 60 delas turistas estrangeiros.