Luanda – A ordem para a coordenadora das Nações Unidas no Níger, Louise Aubin, deixar o país, num prazo de 72 horas, emitida pelo governo militar nigerino, por alegado impedimento da participação do seu país numa reunião das Nações Unidas (ONU), constituiu destaque do noticiário africano durante a semana que hoje finda.
Num comunicado divulgado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros do nigerino explica que o motivo "foram os obstáculos colocados pelo Secretário-Geral da ONU, António Guterres, à plena participação do Níger na 78ª Assembleia-Geral da organização, que se realizou em Nova Iorque, em Setembro".
Ainda no Níger, os EUA classificaram oficialmente a tomada de poder pelos militares no Níger como golpe de Estado, e anunciaram a suspensão definitiva dos programas de ajuda ao desenvolvimento, avaliados em 200 milhões de dólares (188 milhões de euros).
Washington tinha anteriormente classificado o derrube do Presidente Mohamed Bazoum, em 26 de Julho, como uma "tentativa de tomada de poder" que ainda podia ser revertida, e tinha suspendido temporariamente os programas de ajuda.
Um outro assunto que mereceu manchete nos últimos sete dias foi a prisão da esposa do ex-Presidente do Gabão Ali Bongo Ondimba, Sylvia Bongo Ondimba Valentin, acusada de desvio de fundos públicos e branqueamento de capitais.
Segundo a imprensa gabonesa, a antiga Primeira-Dama, que estava em prisão domiciliária desde o golpe militar que depôs o seu marido, em Agosto último, foi colocada em prisão preventiva no termo de um interrogatório de cerca de 10 horas com um juiz de instrução.
Ela é acusada de “manipular” o seu marido e de se ter transformado em Presidente da República “de facto”, desde que Ali Bongo sofreu um acidente vascular cerebral (AVC), em 2018.
Foi igualmente destacado, no noticiário africano da ANGOP, o apelo feito pelo Presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, para a abertura de "corredores humanitários" no Médio Oriente com vista a ajudar as pessoas afectadas pela guerra, que eclodiu no passado sábado entre Israel e a organização islâmica Hamas.
Num comunicado, Cyril Ramaphosa enviou as "condolências a todas as vítimas do conflito israelo-palestiniano" e apelou à "abertura imediata e incondicional dos corredores humanitários".
Ainda nos últimos sete dias, o Conselho dos Direitos Humanos da ONU aprovou, em Genebra (Suécia), por uma margem estreita, a criação de uma missão de investigação sobre violações dos direitos humanos no Sudão, país devastado pela guerra sangrenta entre o exército e os paramilitares.
"Há uma necessidade urgente de investigar e recolher provas de violações dos direitos humanos, abusos e violações do direito internacional, independentemente de onde foram cometidas no Sudão e por quem foram cometidas e é precisamente isso que esta missão de averiguação fará", afirmou Simon Manley, o embaixador britânico, apresentando a resolução sobre a criação da comissão.
Também no Sudão, cerca de seis milhões de sudaneses foram deslocados desde o início, há seis meses, do actual conflito no Sudão, segundo alertou a Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).
Desse total, há "cerca de 1,1 milhões de mulheres, crianças e idosos que atravessaram as fronteiras em circunstâncias muito difíceis", explicou o chefe do gabinete do ACNUR para as regiões do Leste, Corno de África e Grandes Lagos, Mamadou Dian Balde, durante a conferência de imprensa de hoje em Genebra (Suíça).
Um outro assunto que mereceu atenção durante a semana foi o anúncio do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Sudão sobre a retomada das relações diplomáticas com o Irão, após sete anos de ruptura, depois de meses de aproximação entre Irão e os dirigentes militares sudaneses.
"O Sudão e o Irão decidiram retomar as relações diplomáticas de uma forma que serve os interesses dos dois países, na sequência de vários contactos de alto nível ao longo dos últimos meses", declarou o departamento sudanês em comunicado, quando, em contexto internacional as tensões entre Israel a Faixa de Gaza, apoiada por Teerão, aumentaram exponencialmente.CS