Lagos - Centenas de 'jihadistas' de Boko Haram fugiram do seu esconderijo no nordeste da Nigéria, em direcção ao Níger, impulsionados por bombardeamentos do exército e fortes inundações nesta estação chuvosa, disseram hoje um elemento da segurança e residentes.
O nordeste da Nigéria tem sido assolado por um conflito que dura há 13 anos entre o exército e os grupos extremistas rivais Boko Haram e Estado islâmico na África Ocidental (Iswap), que já matou mais de 40.000 pessoas e forçou mais de dois milhões a fugir.
O conflito alastrou-se aos vizinhos Níger, Camarões e Chade, particularmente em torno do Lago Chade, que atravessa os quatro países.
Desde o mês passado, houve um êxodo de combatentes de Boko Haram do seu enclave na floresta de Sambisa, que foi atingida por bombardeamentos do exército, disse à agência France-Presse um alto funcionário da segurança nigeriana.
"O êxodo acelerou nos últimos dias com a intensificação dos ataques aéreos e devido às inundações que submergiram vários dos seus campos", acrescentou a fonte, que não quis ser identificada.
Na segunda-feira, um comboio de mais de 50 camiões transportando combatentes do Boko Haram e as suas famílias passou por aldeias numa estrada que liga a floresta de Sambisa ao Lago Chade, disseram vários residentes locais.
Os combatentes são seguidores de Bakura Buduma, um líder da facção Boko Haram, que tem campos no Lago Chade, na costa do Níger, dizem as fontes.
As autoridades nigerianas não puderam confirmar imediatamente esta mudança.
Desde a morte do líder do Boko Haram, Abubakar Shekau, em Maio de 2021, morto por combatentes do Iswap, a floresta Sambisa é agora largamente dominada pelo grupo islâmico filiado ao Estado Islâmico. Muitos combatentes do Boko Haram que se recusaram a jurar fidelidade ao grupo fugiram ou renderam-se às autoridades.
No norte e centro do país mais populoso de África reina um clima de violência quase generalizada, assolado por bandos criminosos e 'jihadistas' que multiplicam ataques e raptos, menos de um ano antes das eleições presidenciais.
O Presidente Muhammadu Buhari deverá cumprir o seu segundo mandato em fevereiro de 2023 e tem sido severamente criticado pela sua incapacidade de refrear a insegurança.