Maputo - O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, anunciou a angariação de "mais de 500 milhões de dólares" no diálogo de alto nível sobre a Iniciativa do Miombo, noticiou o site Noticias ao Minuto.
Segundo o chefe do Estado, o Miombo é a floresta que abrangiu 11 países da África Austral, realizado segunda-feira em Nova Iorque.
"Conseguimos convencer o mundo que é preciso proteger o Miombo. Para tal é preciso recursos, mas colocamos, com humildade, que é preciso que a gestão seja com a máxima transparência, porque o Miombo não pertence só a Moçambique", disse Filipe Nyusi, numa conferência de imprensa de balanço da visita de quatro dias que realiza a Nova Iorque.
Essa visita, em que participou também na Cimeira do Futuro promovida pelas Nações Unidas, terminou com o diálogo de alto nível sobre a Iniciativa do Miombo, que juntou na cidade norte-americana dezenas de empresários norte-americanos doadores do projecto e governantes africanos, incluindo os chefes de Estado do Botswana, Mokgweetsi Masisi, e do Malawi, Lazarus Chakwera.
"Ali ficou claro que acima de 500 milhões de dólares (o apoio financeiro dos doadores), mas não me parece que o número vá parar por aí. Por isso é que digo que é preciso criar um mecanismo de gestão, porque é um projecto regional", insistiu Nyusi, garantindo que, agora, o "Miombo está no mapa do mundo".
Segundo ele, "é um projecto não político, sustentável e universal".
A Floresta de Miombo cobre dois milhões de quilómetros quadrados e garante a subsistência de mais de 300 milhões de habitantes de 11 países da África austral, incluindo pastagens tropicais e subtropicais, moitas e savanas.
Constitui o maior ecossistema de florestas tropicais secas do mundo e enfrenta actualmente, entre outros, problemas de desflorestação.
O Governo moçambicano, que lidera este processo, esperava mobilizar investimentos para proteger a Floresta do Miombo estimados no plano de acção em 550 milhões de dólares (1 USD equivale a Kz 928.00), dos quais 153 milhões de dólares (138 milhões de euros) foram garantidos desde 2022, tendo agora somado mais 500 milhões de dólares (450 milhões de euros).
De acordo com o Governo moçambicano, que desenvolveu o plano de acção do projecto, as iniciativas previstas assentam no mapeamento e recuperação das áreas mais afectadas pela desflorestação.
Mas, também na fiscalização e no desenvolvimento de projectos de geração de renda alternativos à exploração florestal.
A iniciativa em defesa do Miombo foi dinamizada nos últimos anos por Filipe Nyusi, que cumpre o último mandato no cargo e não se recandidata às eleições gerais de 09 de Outubro. Com o aproximar-se da hora da saída garantiu que é uma "corrida de estafetas".
Os 11 países da África Austral abrangidos por aquela área natural adoptaram verbalmente, em 17 de Abril, numa conferência realizada em Washington, a Carta de Compromisso da Floresta do Miombo, a qual prevê um fundo a sediar em Moçambique.
O documento integra, na introdução, "os pressupostos para a sua adopção, reconhecimento do impacto do desmatamento, baixo financiamento, necessidade de financiamento à escala e colaboração entre as partes" no âmbito da também designada iniciativa do Miombo.
A segunda parte desta carta refere o compromisso das partes, destacando "o apoio à iniciativa público-privada que estimula o desenvolvimento sustentável.
A terceira e última parte do documento apresenta o mecanismo de financiamento da Iniciativa do Miombo, onde se debate a necessidade de criação de um fundo para implementação da "Declaração de Maputo", de 2022.
Palavra suawíli para 'brachystegia', miombo é um género de árvore que inclui um grande número de espécies e uma formação florestal que compõe o maior ecossistema florestal tropical em África, sendo fonte de água, alimento, abrigo, madeira, geração de electricidade e turismo.
A Declaração de Maputo sobre a Floresta do Miombo, assinada, além de Moçambique e Angola, por Botswana, Malawi, República Democrática do Congo, República do Congo, Namíbia, África do Sul, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabwe, estabelece desde 2022 prioridades para a gestão e governação sustentáveis dos recursos naturais dos ecossistemas do Miombo. CQ/GAR