Cairo - O Presidente egípcio e o Rei da Jordânia vão discutir hoje a "agressão israelita a Gaza", num encontro no Cairo, anunciaram os dois países, após ter sido cancelada uma cimeira em Amã com o Presidente norte-americano, segundo informou a Lusa.
O Egipto, que faz fronteira com a Faixa de Gaza, e a Jordânia, faz fronteira com a Cisjordânia ocupada, estão ligados a Israel por tratados de paz concluídos, respectivamente, em 1979 e 1994, que puseram fim ao estado de guerra com o vizinho.
Estes dois países, que muitas vezes desempenharam o papel de mediadores entre israelitas e palestinianos, alertam, há vários dias, para as consequências de um "deslocamento forçado" de palestinianos no seu território.
"O Rei Abdullah II deixou hoje a sua terra natal para uma breve visita ao Cairo, durante a qual vai se reunir com o Presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sissi, para discutir formas de impedir a agressão israelita contra Gaza", avançou a televisão oficial da Jordânia Al Mamlaka.
Também o porta-voz da presidência egípcia, Ahmed Fahmy, afirmou, na rede social do Facebook, que hoje haverá "uma cimeira egípcio-jordana no Cairo", sem dar mais detalhes.
Este encontro entre os dois líderes não foi anunciado e acontece num momento delicado para ambos os países dada a possível deslocação de palestinianos da Faixa de Gaza para a península egípcia do Sinai, algo que al-Sissi diz que é o objectivo de Israel nesta guerra contra o Hamas.
Al-Sissi teme que o Sinai se torne um campo de operações militares entre facções palestinianas e Israel se o Egipto abrir a porta às centenas de milhares de pessoas que estão em fuga de Gaza.
Por outro lado, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Jordânia, Ayman Safadi, afirmou na quarta-feira que o seu país vai considerar qualquer tentativa de Israel de expulsar os palestinianos da Cisjordânia" como "uma declaração de guerra".
Ainda assim, o Egipto anunciou hoje o acordo para uma "passagem duradoura" de ajuda humanitária para a Faixa de Gaza através do ponto de Rafah, numa altura em que centenas de camiões com ajuda estão parados às portas do enclave.
O anúncio de al-Sissi foi feito depois de uma conversa telefónica com o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.
O grupo islamita palestiniano Hamas atacou de surpresa Israel no dia 07 de Outubro, matando 1.400 pessoas, a maioria das quais civis.
Desde então, Israel tem bombardeado Gaza, causando a morte de quase 4.000 pessoas, a maioria das quais também civis, e fez, no final da semana passada, um aviso para que os palestinianos fugissem do norte do território, deixando implícito que vai avançar por via terrestre naquela região. CNB/CS