Cairo - O Presidente egípcio, Abdul Fatah al-Sisi, alertou hoje para a insegurança das fronteiras do seu país devido aos conflitos nos países vizinhos, enquanto lembrou que o Egipto acolhe milhões de refugiados e tenta evitar a imigração irregular para a Europa.
"As nossas três fronteiras, a sul com o Sudão, a oeste com a Líbia e agora as fronteiras a leste com Israel e Gaza, são inseguras, instáveis, e isso tem muitas repercussões", disse Abdul Fatah al-Sisi, numa conferência de imprensa no Cairo com o seu homólogo alemão, Frank-Walter Steinmeier.
O egípcio fez referência à situação delicada que se vive na Líbia há mais de uma década, ao conflito iniciado há mais de um ano no Sudão, que provocou a deslocação adicional de mais de meio milhão de pessoas para o Egipto, e à guerra em Gaza, que também provocou a deslocação de milhares de pessoas para o país.
A este respeito, recordou que "o Egipto sempre esteve disposto, desde Setembro de 2016, a não permitir que nenhum navio saísse das costas egípcias para a Europa com migrantes irregulares", uma 'carta' que o Cairo jogou nos últimos anos para garantir empréstimos e financiamento da União Europeia (UE).
Embora o Egipto se tenha posicionado como o maior parceiro da Europa na contenção da migração irregular, organizações e agências da ONU afirmam que cada vez mais egípcios estão a partir em barcos a partir da costa líbia, devido à impossibilidade de o fazer a partir do território egípcio.
No início deste ano, a UE anunciou um pacote de 7,4 mil milhões de euros para reforçar a sua "parceria estratégica" com o Egipto, a fim de abordar questões relacionadas com a migração, a segurança e o investimento em energia entre 2024 e 2027, mas o Cairo tem insistido que o apoio internacional "não é proporcional ao fardo que suporta" para proporcionar uma vida digna aos migrantes.
No encontro com o Presidente da Alemanha - tradicional aliado de Israel -, Al-Sisi defendeu que a Europa "tem um grande peso" e influência no Médio Oriente e pediu que "exerça uma pressão adicional" para pôr fim à guerra na Faixa de Gaza.
Por seu lado, Steinmeier sublinhou que "as pessoas estão à espera de notícias sobre os reféns israelitas", lembrando que pelo menos um alemão se encontra entre os reféns do Hamas que permanecem na Faixa de Gaza desde o ataque do movimento islamita em território israelita em 07 de Outubro. MOY/JM