N'Djamena - Pelo menos 17 pessoas foram mortas hoje em confrontos entre pastores nómadas e agricultores sedentários na província de Mandoul, no sul do Tchad, confirmaram as autoridades regionais.
O incidente ocorreu por volta das 06h00 locais de hoje, quando uma manada de bois ocupou campos na aldeia de Kemkian, disse à agência EFE, por telefone, o chefe da aldeia, Makota Allasra.
"Quando os pastores e os proprietários dos campos entraram em confronto, um pastor e quatro agricultores foram mortos. Ao serem informados, pastores de diferentes campos organizaram-se para atacar os habitantes de Kemkian e queimar as suas casas", disse Allasra.
De acordo com o chefe, nove agricultores e três outros pastores perderam a vida durante o ataque.
"Logo que fomos informados, enviámos uma equipa da polícia e da gendarmaria para a localidade para restabelecer a calma. Várias pessoas foram detidas e os suspeitos estão a ser procurados para serem levados à justiça", explicou Adoum Moussa, prefeito da cidade de Koumra, a capital da província.
Os confrontos entre pastores nómadas muçulmanos e agricultores nativos sedentários, na sua maioria cristãos ou animistas, são muito frequentes nesta região, mas também noutras zonas férteis do país.
Num episódio semelhante ocorrido na passada quarta-feira, pelo menos 27 pessoas foram mortas na subprefeitura de Sido, na província meridional de Moyen-Chari.
Os agricultores acusam os pastores de pilharem os seus campos, apascentando neles os seus animais ou instalando-se em terras que consideram suas.
A violência inter-comunitária é frequente no Tchad, onde muitos habitantes estão armados.
De acordo com um relatório do Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários da ONU (OCHA), os confrontos inter-comunitários no país causaram mais de 500 mortos, 600 feridos e mais de sete mil deslocados em 2022. JM