Praia - O ministro dos Negócios Estrangeiros cabo-verdiano, Rui Figueiredo Soares, manifestou hoje a vontade de a diplomacia continuar a ser um "pilar fundamental" no desenvolvimento do país, que defende uma "postura cautelosamente dinâmica" na política externa.
"Hoje, há quem entenda que, diante das complexas dinâmicas das relações internacionais a que assistimos, com impactos geopolíticos diversos, Cabo Verde deveria privilegiar uma postura conservadora, quiçá de imobilismo em relação a várias questões internacionais", começou por referir o ministro, numa intervenção, por videoconferência, nas atividades, presenciais na cidade da Praia, para assinar pela primeira vez o Dia a Diplomacia Cabo-verdiana.
"Por nossa parte, preferimos uma postura cautelosamente dinâmica, acompanhando a evolução de processos relevantes e ajustando o nosso posicionamento em função de novas realidades e oportunidades privilegiando os interesses nacionais", completou Rui Figueiredo Soares, a partir de Lisboa, onde se encontra em escala para seguir para os Estados Unidos a acompanhar o Presidente da República, José Maria Neves, que na próxima semana vai participar na Assembleia Geral da ONU.
O Governo de Cabo Verde instituiu em 10 de Agosto o 16 de Setembro como Dia da Diplomacia Cabo-verdiana, numa alusão à data de adesão do país à Organização das Nações Unidas (ONU), em 1975.
O ministro manifestou a vontade de a diplomacia continuar a ser um "pilar fundamental" do desenvolvimento de Cabo Verde, mas apontou os "desafios enormes" que se colocam à ação externa do arquipélago.
"Estes desafios prendem-se, acima de tudo, com a permanente necessidade de parcerias para garantir o desenvolvimento duradouro e com a adequada projeção de Cabo Verde no plano externo", sustentou o chefe da diplomacia cabo-verdiana.
Reforço do quadro do pessoal, com recrutamento de mais 15 secretários de embaixada, qualificação permanente dos diplomatas, criação de um Instituto Diplomático e diplomacia científica e da inovação foram outros desafios apontados pelo ministro.
Um dos objectivos prioritários dessa diplomacia, completou, é a criação de condições cada vez mais favoráveis para o acolhimento e integração dos cabo-verdianos nos países de acolhimento, além do reforço dos seus laços com Cabo Verde.
Neste sentido, o também titular da pasta da Cooperação e Integração Regional disse que agir de forma pragmática parece ser a receita certa, em alusão a uma palestra que foi proferida pelo embaixador José Luís de Jesus, sobre o tema "coerência e pragmatismo na política externa de Cabo Verde: passado, presente e futuro".
Com a instituição do dia, o Governo cabo-verdiano pretende homenagear, celebrar e valorizar a diplomacia e os diplomatas, reconhecer e enaltecer o papel em prol da credibilidade externa e do desenvolvimento do país.
Também pretende estimular debates e reflexões temáticas, no domínio da política externa, incrementar a investigação científica e a publicação de obras, no domínio da diplomacia e das relações internacionais, promover parcerias entre o departamento governamental responsável pelas relações externas e as instituições de ensino superior, nacional e estrangeiras.
Além da palestra de manhã, à tarde vão ser homenageados diplomatas e servidores da diplomacia, haverá o içar da bandeira de Cabo Verde e das Nações Unidas, seguida de plantação de uma árvore no pátio do Ministério dos Negócios Estrangeiros para simbolizar o dia.
Haverá ainda uma apresentação de uma brochura alusiva à celebração do Dia da Diplomacia Cabo-Verdiana, em atividades que serão encerradas pela secretária de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Miryan Vieira.