Cotonou - Um jornalista beninense está detido desde terça-feira pela brigada criminal de Cotonou após a transmissão radiofónica de uma investigação sobre alegadas execuções extrajudiciais pela polícia, disseram hoje o seu advogado e uma fonte policial.
"O jornalista Virgile Ahouansè continua detido nas dependências da brigada criminal", disse o seu advogado, Aboubacar Baparapé, citado pela agência France-Presse.
Director de informação da rádio 'online' Chrystal News, Ahouansè foi convocado na terça-feira pela polícia criminal, a quem prestou declarações durante mais de quatro horas antes de ficar detido, acrescentou o advogado.
A sua intimação pela polícia surge na sequência da publicação de um inquérito sobre alegadas execuções extrajudiciais por parte da polícia no final de novembro num distrito da capital administrativa, Porto Novo.
"Ele é acusado de ter publicado informações falsas nas redes sociais e na imprensa", adiantou o advogado.
Contactado pela agência noticiosa francesa, um oficial da polícia confirmou que o jornalista continua sob custódia policial e que se encontra "ainda nas instalações da brigada criminal".
"Ele assustou a população. A polícia está a desempenhar a sua missão que é ouvir o que tem a dizer", salientou o oficial.
Virgile Ahouansè é um jornalista conhecido no Benin, onde foi designadamente editor-chefe da estação de rádio Soleil FM pertencente ao opositor no exílio Sébastien Ajavon, antes do encerramento pelas autoridades beninenses em 2019.
O jornalista é reconhecido pelas posições críticas perante o executivo, numa altura em que a imprensa da oposição está reduzida ao mínimo no país.
O Presidente Patrice Talon, eleito em 2016 e reeleito em 2021, é regularmente acusado de ter adotado uma governação autoritária em nome do desenvolvimento neste país, antes saudado pelo dinamismo da sua democracia.
Os principais opositores vivem atualmente no exterior, alvo de processos judiciais no Benin.
Vários jornalistas foram detidos e um jornalista estrangeiro foi expulso nos últimos anos no Benin, onde a liberdade de imprensa "caiu drasticamente", segundo a organização não-governamental Repórteres Sem Fronteiras (RSF).