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Aumentam usuários de redes sociais em Angola     

     Tecnologia              
  • Luanda • Terça, 29 Junho de 2021 | 21h05
Sala de informática da escola Angola e Cuba
Sala de informática da escola Angola e Cuba
Elias Tumba

Luanda – Nos últimos 20 anos, tornou-se, praticamente, impensável imaginar a humanidade sem as suas interactivas redes sociais, ferramentas que revolucionaram o mundo, apesar de acarretarem vários riscos e nem sempre serem convenientemente usadas.    

Por Hilária Cassule 

As redes sociais são espaços virtuais em que grupos de pessoas ou empresas se relacionam através da partilha de conteúdos diferenciados, que encurtam distâncias, aproximam os povos, viabilizam negócios e facilitam, sobremaneira, a busca de conhecimentos. 

Actualmente, existem diferentes tipos de redes sociais, cada uma com um propósito e público-alvo específico, com destaque para o Facebook, Youtube, Watshapp, Instagram e Twitter, que já se tornaram populares e fazem parte do dia-a-dia dos angolanos. 

Dados disponíveis indicam que o mundo conta com mais de 4,54 biliões de usuários activos na Internet, dos quais cerca de 3,80 biliões de usuários activos nas redes sociais, numa altura em que mais de 5,19 biliões de pessoas usam telemóveis. 

De acordo com a Presidente do Conselho de Administração da Agência de Protecção de Dados, Maria das Dores, só em 2020, houve um aumento de sete por cento (298 milhões) de novos utilizadores de Internet, em comparação com o ano de 2019. 

Em Angola, estudos indicam que a maior parte dos usuários de redes sociais fá-lo por via de telefones celulares, sendo os grupos mais activos os jovens e adolescentes, que buscam de tudo um pouco, muitas vezes de forma “cega” e sem percepção dos perigos e riscos das plataformas virtuais, quando mal usadas. 

Um estudo realizado pela “We Are Social” e a “Hootsuite”, disponibilizado pela empresa “Digital Global Digital Overview”, indica que cerca de 14,60 milhões de angolanos têm um telefone com capacidade para aceder à Internet, o que representa um aumento de 46 por cento.  

A pesquisa avança, igualmente, que o país tem cerca 2,20 milhões de usuários activos nas redes sociais, que gastam, em média diária, 3 horas e 43 minutos na Internet. 

A análise concluiu que cerca de 55 por cento dos usuários acedem às plataformas digitais por via de telefones móveis, contra 43,3 por cento que o fazem através de computadores portáteis e de mesa, e 1,7 via tablet, número “bastante reduzido”, segundo especialistas. 

Embora o Estado tenha feito, na última década, investimentos avultados no domínio das telecomunicações e tecnologias de informação, com os cabos de fibra óptica e satélite, especialistas dizem que a taxa de penetração da Internet em Angola ainda é muito baixa. 

Em concreto, o país conta com 6,8 milhões de consumidores de Internet, actualmente, sendo que a maioria deles já tem actuação confirmada nas redes sociais. 

Usuários apontam vantagens 

É o caso de Hélder Alfredo, 24 anos de idade, estudante universitário, que usa geralmente a rede social Facebook, para interagir com colegas e professores, particularmente neste período marcado pela pandemia da Covid-19.  

“Com a pandemia, a ferramenta tornou-se muito mais útil. Através dela, foi possível ter aulas online, numa altura em que Angola e vários países decretaram o estado de emergência”, conta o estudante, que fica, em média, entre uma a duas horas e meia por dia conectado ao mundo, através das redes sociais. 

Ao contrário de Hélder, Dárcia André, 27 anos de idade, tem preferência pelo Watshapp, principalmente para conectar-se com o grupo de família e com colegas. 

A estudante de sociologia diz que as redes sociais permitem-lhe comunicar com os seus familiares e colegas, além de obter informações “quentes” sobre outros temas. 

De acordo com o docente universitário Cabral Bento, à semelhança do que aconteceu à humanidade no século XX, com a revolução industrial, o desenvolvimento das tecnologias de informação trouxe mudanças profundas e significativas no Planeta Terra. 

“Na actualidade, as redes sociais apresentam-se como a principal razão para o uso da Internet, pelos jovens, maioritariamente, mas também para os adultos”, expressa. 

O docente considera incorrecto pensar que as redes sociais só têm efeitos nocivos e argumenta que os usuários podem, sempre, servir-se delas para obterem vantagens e acelerarem as suas pesquisas em relação a diversos assuntos da vida profissional.  

“As redes sociais têm sido uma fonte de pesquisa à palma da mão. Por meio delas, é possível aderir a grupos profissionais para trocas de experiências com pessoas entendidas na matéria, que, de outro modo, seria impensável”, opina. 

Em relação às vantagens das redes sociais no processo de ensino e aprendizagem, diz que permitem a fluidez dos grupos de estudo, a formação de turmas de estudantes de várias nacionalidades, sem sair de casa, interacção entre professores e estudantes, além da resolução de problemas académicos quase "num estalar de dedos". 

Do seu ponto de vista, as redes sociais têm uma influência bastante significativa no ambiente familiar e no relacionamento interpessoal das famílias. 

Perigos na família 

Entretanto, adverte que, ao mesmo tempo que podem unir, num “click", familiares separados por longas distâncias, podem separar pessoas fisicamente confinadas no mesmo espaço físico, porém, psicologicamente distanciadas. 

Para o académico, é paradoxal essa realidade. “As redes sociais são um meio de comunicação que, muitas vezes, cortam a "comunicação" entre pessoas da mesma família. Isto tem interferido, profundamente, nos relacionamentos familiares”, diz. 

Afirma que, como qualquer outro instrumento com as suas vantagens e desvantagens, cabe ao indivíduo fazer um bom uso das redes sociais, a fim de maximizar as vantagens e minimizar as desvantagens, dado o facto de já ser quase impossível eliminá-las. 

Por sua vez, o técnico informático Hélder Miguel Adão afirma que a primeira ideia que vem à mente, quando se fala de redes sociais, é comunicação e informação. 

“No mundo moderno, onde o tempo é um recurso bastante escasso, as redes sociais  tornaram-se no veículo de maior recurso que qualquer indivíduo pode usar para se comunicar com quem quer que seja, em milésimos de segundos”, expressa. 

 Do seu ponto de vista, as redes sociais vieram dar uma nova dinâmica ao que antes se procedia com deslocações longas e com os correios, retirando, em muitos casos, os habituais excessos de burocracias e a demora na entrega das correspondências. 

“Isso exigiu uma nova abordagem com o surgimento das social networks”, ressaltou, advertindo, porém, que há muitas pessoas mal intencionadas a usarem as redes sociais para o cometimento de crimes, como raptos, burlas e extorsão de dinheiro. 

 Governo apela ao uso responsável  

A esse respeito, o secretário de Estado para a Comunicação Social, Nuno Caldas, entende que a questão das redes sociais é complexa, sendo uma preocupação mundial.  

No caso de Angola, informa que há melhores condições de regulação, uma vez que algumas medidas poderão ser conformadas, agora, com a revisão do pacote legislativo da comunicação social, enquanto se faz uma análise comparada com outras geografias. 

Indagado sobre as medidas adoptadas pelo Estado para regular o uso correcto das redes sociais no país, Nuno Caldas diz que o Código Penal, recentemente aprovado, já prevê medidas criminais e penais. “Nós vamos alinhar e convergir com o Código Penal”. 

No entanto, adianta que alguns estudos estão a ser feitos no sentido de se ver como o país poderá assegurar ou estancar esta preocupação actual com o mau uso das redes sociais, cujo dia se celebra nesta quarta-feira (30), em todo o mundo. 

O responsável avança que está em curso a revisão da estratégia da comunicação institucional do Governo, que tem como divisa comunicar mais e melhor, com o propósito de assegurar que a comunicação seja cada vez mais fluida, transparente, proactiva e de maior proximidade e interacção com o cidadão. 

A ideia, adianta, é evitar os problemas recorrentes das “fake news” (falsas notícias).   

O responsável afirma que o uso das redes sociais em Angola está numa fase inicial e emergem ainda muitas práticas não conducentes com aquilo que deve ser a postura e o sentido de responsabilidade de comunicação. 

Apela, por isso, a uma postura mais responsável na partilha de informações, encorajando a sociedade a conferir, com regularidade, se são conteúdos verdadeiros ou falsos. 

“O que pretendemos é que a Internet seja um factor gerador de factores positivos e construtores para o cidadão e para a sociedade”, concluiu. 

O Dia Mundial das Redes Sociais, celebrado a 30 de Junho, foi criada pelo site Mashable, em 2010, como forma de reconhecer a revolução digital que fez dos média um ambiente social.  

O dia é comemorado com a organização de encontros informais de pessoas de todo o mundo, por meios tecnológicos ou presencialmente. 



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