Chitembo – Escuteiros na província do Bié estão a ser enquadrados no Programa de Fortalecimento de Protecção Social “Kwenda”, para exercerem funções de Agentes de Desenvolvimento Comunitário e Sanitário, vulgos Adecos.
O objectivo é reforçar as equipas do Fundo de Apoio Social (FAS), na mobilização das famílias abrangidas pelo Kwenda.
A informação foi avançada à ANGOP, pelo director-geral do FAS no Bié, Rizoni Costa Chivembe, adiantando que, numa primeira fase, os escuteiros, em número não avançados, estão no município do Chitembo, onde decorre o processo de cadastramento das famílias.
O responsável disse que a ideia é acelerar o processo de cadastramento, a julgar pela extensão das zonas abrangidas e a densidade populacional.
“O FAS adoptou a estratégia de inserir os escuteiros neste processo, de forma remuneratória, para auxiliarem os técnicos na mobilização da população para o cadastramento. Os mesmos são seleccionados pelas respectivas igrejas, que, de forma paulatina, vão sendo inseridos no sistema do programa de acordo com as necessidades de cada município.
Antes, beneficiam de acções formativas para o domínio e uso de smatphones, finanças e línguas nacionais predominantes nas regiões afins.
População do Chitembo quer rapidez do processo
Neste momento, decorre o processo de cadastramento das famílias carenciadas no município do Chitembo, onde se prevê inserir 26 mil novos agregados.
Além da sede, vai abranger também as comunas de Cachingues, Malengue, Mutumbo, Soma Kwanza e Mumbwé.
Cada família vai receber 66 mil kwanzas, correspondente a seis meses, cujo processo de cadastramento começou na última terça-feira.
Em declarações à ANGOP, Amélia Adriano, de 46 anos de idade, já cadastrada, espera que o processo seja célere e transparente no momento da atribuição dos valores, com vista a beneficiar quem realmente precisa.
Moradora do bairro Agostinho Neto, na sede municipal do Chitembo, a jovem é viúva e mãe de quatro filhos.
Disse estar a ser muito difícil sustentar as crianças, desde o falecimento do marido, em 2022, vítima de acidente de viação.
Referiu que o valor a receber vai auxiliar na compra de um negócio para a sustentabilidade da família.
Já o jovem Lucas Muchito, de 24 anos de idade, também cadastrado, mostrou-se ansioso com o programa, que só ouvia nos órgãos de comunicação social.
Agora que é uma realidade, também aguarda com entusiasmo a fase dos pagamentos.
Na ocasião, o administrador municipal do Chitembo, Celestino Alexandre, aconselhou as famílias para uma maior responsabilidade na conservação dos cartões, por ser o único documento que atesta o seu cadastro.
Mais de 80 mil famílias já beneficiadas
Desde o início do programa, em Maio de 2020, mais de 80 mil agregados familiares dos municípios do Andulo, Nharêa e Cuemba já foram beneficiadas, que juntas consumiram mais de quatro mil milhões de Kwanzas, através das transferências sociais monetárias.
Segundo Rizoni Costa Chivembe, o Executivo angolano prevê alargar o mais rápido possível o programa na província do Bié, de modo a continuar a apoiar as famílias vulneráveis, para combater a fome e a pobreza.
Nesta conformidade, informou que perto de 10 mil famílias destes municípios, além das transferências monetárias, já beneficiam igualmente das três componentes do Kwenda, nomeadamente a Inclusão Produtiva, Municipalização da Acção Social e o Reforço do Cadastro Social Único.
Referiu que no município do Cuemba decorre o processo de pagamentos. Neste momento estão a beneficiar mil 965 agregados da comuna de Sachinemuna, das 12 mil 948 famílias cadastradas em toda municipalidade.
Lembrou que a inclusão produtiva visa apoiar as iniciativas económicas das famílias em diferentes linhas de trabalho, sobretudo as acções nos domínios da agricultura e pecuária, pesca, artesanato, turismo rural, ambiental e cultural, transformação de produtos agro-pecuários, fundos e caixas comunitárias e energias renováveis, entre outras.
O programa Kwenda, uma iniciativa do Governo de Angola, visa apoiar um milhão e 608 mil famílias em situação de pobreza e vulnerabilidade no País.
Conta com financiamento de 320 milhões de dólares do Banco Mundial (BM) e 100 milhões de dólares do Tesouro Nacional (Angola), totalizando 420 milhões dólares norte-americano.
O Programa é operacionalizado pelo Instituto de Desenvolvimento Local (FAS), agência governamental que, em coordenação com outros programas de combate à pobreza, contribui para a promoção do desenvolvimento sustentável das comunidades.
A província do Bié conta, aproximadamente, com dois milhões de habitantes, distribuídos pelos municípios do Cuito (capital), Andulo, Camacupa, Catabola, Cuemba, Cunhinga, Nhârea, Chitembo e Chinguar.LB/PLB