Ndalatando- Deficientes visuais da província do Cuanza Norte clamam pela sua inclusão no acesso a assistência alimentar, material de construção de habitação e financiamento pelo Governo, para desenvolver pequenos projectos de geração de renda, com vista a aliviar a sua vulnerabilidade.
O clamor foi manifestado, em entrevista à ANGOP, esta terça-feira, em Ndalatando, pelo director provincial do Cuanza Norte da Associação Nacional de Cegos e Amblíopes de Angola (ANCAA), Honório de Jesus Tito João.
Defendeu o apoio contínuo do Estado aos deficientes visuais, sobretudo em bens alimentares, à semelhança do que é feito com outros grupos vulneráveis, alegadamente por não possuírem recursos financeiros.
Lamentou o facto de muitas pessoas com deficiência visual sofrerem de discriminação no seio das respectivas famílias e comunidades, que se consubstancia na limitação do acesso aos alimentos e alojamento.
Por esta razão, acrescentou, muitas pessoas vão parar à rua na mendicidade, o que revela alguma incapacidade das famílias e do Estado de cuidar dos vulneráveis.
“Enfrentamos dificuldades de acesso à alimentação e alojamento, e isso empurra os cegos para os passeios das estradas e portas de estabelecimentos comerciais para mendigar apoios para assegurar a sobrevivência, porque a carência no seio das famílias são de certa forma generalizadas”, disse.
Honório João explicou que dentro da sua organização há trabalhos visando eliminar focos de mendicidade, mas devido à falta de recursos financeiros essas iniciativas não avançam, propondo, por isso, a criação de condições mínimas por parte do governo visando devolver a dignidade à pessoa deficiente.
Para tal, advogou a necessidade do empoderamento dos deficientes visuais, por via da sua inserção em cooperativas agrícolas.
Propôs, também, a inclusão dessas pessoas no programa de transferências sociais monetárias “KWENDA”, com vista a melhorar a situação social dos mesmos.
Sublinhou que a cegueira é uma deficiência que coloca a pessoa numa situação de dependência e, para além da família, só o Governo pode ajudar na sua minimização, através da integração social.
Contactada pela à ANGOP, a directora da Acção Social, Família e Igualdade de Género, no Cuanza Norte, Vitoria Braga, afirmou que a instituição tem prestado apoios aos grupos vulneráveis, sem excepção, sempre que haja disponibilidade.
Acrescentou que os apoios são canalizados às administrações municipais que têm a responsabilidade de distribuí-los aos beneficiários.
Informou que os deficientes gozam de prioridades nos municípios que já foram contemplados com o programa “KWENDA”, onde muitas pessoas com deficiência visual já estão a beneficiar das transferências monetárias.
O programa já registou na província 20 mil e 712 famílias, tendo beneficiado, até agora, 19 mil e 155, nos municípios de Quiculungo, Golungo Alto e Ambaca, com a atribuição de apoio financeiro no valor de oito mil e 500 kwanzas/ mês.
A ANCAA no Cuanza Norte controla mais de 200 associados. DS