Ondjiva-As autoridades sanitárias da província do Cunene estão em alerta, devido a existência de surto de febre hemorrágica da Crimeia-Congo (FHCC), declarado no passado dia 24 de Maio, pela República da Namíbia.
Os protocolos e normas da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que um caso confirmado laboratorialmente de febre hemorrágica é considerado um surto, e requer medidas para prevenir a transmissão.
A província do Cunene partilha 460 quilómetros, dos quais 340 terrestres e 120 fluviais, de fronteira com a República da Namíbia.
Face a situação, o chefe de Saúde Pública e Controle de Endemias no Cunene, Félix Belarmino, disse que os municípios e unidades sanitárias transfronteiriças, encontram-se em alerta, enquanto aguarda-se orientação do Ministério da Saúde.
Em declaração esta segunda-feira à ANGOP, o também especialista de vigilância epidemiológica, explicou ser fundamental que os profissionais e líderes das comunidades reforcem a vigilância sanitária, realçando não ser caso novo no país vizinho.
“Até ao momento não existe qualquer orientação por parte do ministério, mas as comunidades devem estar em alerta por ser uma doença letal com sintomas de febres altas, dores de cabeça e de articulações, bem como sangramentos”, realçou.
Félix Belarmino acrescentou que dos contactos existentes com o país vizinho, não existe relato de caso do género nas províncias ou regiões transfronteiriças com Angola, apenas em Gobabis, fronteira com Botswana, sendo o paciente transferido a Windhoek e terminou em óbito.
Fez saber que dentro das relações existentes e dos encontros transfronteiriços, o Cunene tem boas relações de trabalho com a Namíbia onde são partilhadas informações relativas a vigilância, surtos, epidemiológico, vacinação, malária e tuberculose e HIV.
“Estamos em actualização com os colegas da Namíbia até ao momento garantiram que a situação está controlada e que não há necessidade de alarme”, sublinhou.
Entretanto, realçou que por se tratar de uma doença muito letal e transmissível, adquiridas através de picadas de carraças, devem estar envolvidos nesta acção os serviços de veterinária por se tratar de uma zoonose (doença transmitida de animais para humanos e vice-versa).
De acordo com a OMS, a febre hemorrágica da Crimeia-Congo é uma doença causada por um vírus transmitido por carraças (Nairovirus) da família Bunyaviridae.
Este vírus pode causar surtos graves de febre hemorrágica viral, com uma taxa de mortalidade de 10-40 por cento.
A FHCC é endémica em África, nos Balcãs, no Médio Oriente e na Ásia, em países abaixo dos 50 graus de latitude norte, o limite geográfico da carraça, que é o seu principal veículo transmissor.
O maior surto recente no continente africano ocorreu na Mauritânia já este ano, com 35 casos e seis mortes, segundo os Centros de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC) da União Africana.FI/LHE/VIC