Luanda -Três mil 951 casos de doenças respiratórias foram notificados nos últimos seis meses, dos quais dez por cento por pneumonia grave, no Complexo Hospitalar de Doenças Cardio-Pulmonares Cardeal Dom Alexandre do Nascimento.
Do total de casos, 142 terminaram em óbito, representando uma taxa de mortalidade na ordem 3,6 por cento, de acordo com a informação prestada hoje, terça-feira, em Luanda, pelo chefe interino da área de Pneumologia da unidade de saúde, Elias Gonçalves.
Fez saber que, a nível do Complexo, 90 por cento dos casos de pneumonia grave são enviados pelos hospitais Américo Boavida, Josina Machel, Geral de Luanda e do Prenda.
Pneumonia é a inflamação aguda que afecta os alvéolos, que são pequenas estruturas dos pulmões responsáveis pelas trocas gasosas entre a captação do oxigénio e a eliminação do dióxido de carbono.
O especialista em pneumologia explicou que a doença pode ser causada por bactéria, vírus, fungos e outros micro-organismos.
Acrescentou que a mais frequente é a pneumonia bacteriana, que, normalmente, causa quadros clínicos graves, levando ao internamento em cuidados intensivos.
Dados da OMS referem que mais de duas mil crianças morrem, diariamente, por pneumonia, no mundo, sendo que as mais vulneráveis vivem em comunidades rurais e pobres.
Segundo Elias Gonçalves, a pneumonia não é hereditária, ela se adquire através do ar, saliva, secreções e transfusão de sangue em qualquer fase da vida. Pessoas com desnutrição severa, alcoólatras, diabéticas, seropositivas, com tumores malignos e as que usam de forma descontrolada aparelhos de ar condicionado estão mais vulneráveis a contrair a doença.
Esta doença, refere, não é de fácil transmissão, como é o caso da acção do vírus da gripe. Entretanto, um resfriado comum ou a própria gripe podem, eventualmente, complicar-se e evoluir para pneumonia bacteriana.
Na visão do médico, não existe uma época do ano que influencie o aumento ou redução de casos de pneumonia, uma vez que em qualquer altura aparecem pacientes com pneumonia e muitas vezes com quadro clínico gravíssimo.
Como sintomas, o médico explicou que em regra a doença apresenta um quadro de tosse seca, com ou sem catarro, dor torácica, que piora com os movimentos respiratórios, febres altas e um mal-estar generalizado.
Questionado sobre as formas de diagnóstico, o especialista em pneumologia apela aos colegas médicos a estarem mais atentos à história clínica dos pacientes, acompanhada por exames complementares, não descartando a auscultação dos pulmões e um raio x do tórax, sempre que for necessário.
Sobre as formas de prevenção, Elias Gonçalves disse que a vacinação é a única forma de prevenir a doença, principalmente na sua forma mais grave. Para as crianças está disponível o calendário Nacional de Vacinação com as doses da Pneumo, que devem ser ministradas obrigatoriamente aos dois, quatro e seis meses de idade.
Para os adultos, existem as vacinas Pneumo 13 e Pneumo 23, que devem ser tomadas por pessoas com risco de apanhar a doença.
Dados do extinto Hospital Sanatório
De acordo com dados de 2021, disponibilizados pelo Serviço de Pneumologia do extinto Hospital Sanatório de Luanda (HSL), actual Complexo de Doenças Cardio-pulmonares Cardeal Dom Alexandre do Nascimento, no primeiro semestre foram registados 2.006 casos de pneumonia não tuberculosa, dos quais 60 causados pela Covid-19.
Do total de casos diagnosticados, 48 resultaram em óbito, sendo 38 por pneumonias bacterianas e dez causados pela Covid-19. Maior parte dos casos de pneumonia foi diagnosticada em indivíduos dos 25 aos 49 anos, num total de 904 pacientes, já para a faixa etária dos 15 aos 24, a unidade clínica registou 519 doentes.