Luanda - O líder do MPLA, João Lourenço, criticou a política de comercialização de diamantes implementada no país antes de 2017 e sublinhou as medidas, dos últimos cinco anos, contra a corrupção, impunidade, o nepotismo e amiguismo.
Ao intervir no acto político de massa, realizado no Camama, distrito urbano de Talatona, em Luanda, o candidato do MPLA a Presidente da República voltou a falar dos projectos a implementar, caso o seu partido vença as eleições gerais do dia 24, quarta-feira.
Sobre a comercialização de diamantes, afirmou que não havia transparência e a prática beneficiava um segmento restrito de empresários, em prejuízo do Estado angolano.
Para reverter o quadro, o Presidente do MPLA particularizou as acções com foco na transparência implementadas, não apenas, no sector diamantífero, mas em todos os segmentos da indústria extractiva.
Neste que foi o último comício do MPLA, no quadro da campanha eleitoral para as eleições gerais deste ano, o líder partidário deu ênfase à edificação, durante o mandato 2017/2022, do Pólo de Desenvolvimento Diamantífero de Saurimo, na Lunda Sul, integrado por três fábricas de lapidação.
Petróleo e refinação
Reconheceu que Angola não tem aproveitado o suficiente, como produtor de petróleo, por falta de capacidade de refinação, mas insistiu na necessidade do país investir mais no aumento dessa aptidão e pôr fim à importação de produtos refinados do crude.
No acto de massa do Camama, João Lourenço lembrou, a propósito, que estão em curso as obras de construção das refinarias de Cabinda e do Soyo (província do Zaire), sendo que a primeira tem capacidade para 60 mil barris/dia e a segunda 100 mil.
No quadro da mesma estratégia, o líder do MPLA realçou a retomada das obras de construção da refinaria do Lobito, província de Benguela, cuja conclusão está marcada para os próximos quatro anos.
No mesmo alinhamento, falou da modernização da unidade de refinação de Luanda, que passou a refinar cinco vezes mais gasolina.
O complexo de Produção de Gasolina da Refinaria de Luanda passou a produzir um milhão 580 mil litros de gasolina, contra os anteriores 395 mil litros.
João Lourenço, que concorre a sua sucessão à Presidência da República, disse haver maior liberdade de expressão em Angola nos últimos cinco anos, além de ter notado o facto de os activos do Estado, antes adormecidos, estarem a produzir e a dar mais emprego aos jovens angolanos.
.
Privatizações e acordos com FMI
Relativamente aos acordos entre o Governo angolano e o Fundo Monetário Internacional (FMI), referiu que, contrariamente a algum cepticismo inicial, contribuiu para a credibilidade de Angola no mercado mundial.
Banco Nacional de Angola (BNA)
Na intervenção de cerca de hora e meia, o ainda Titular do Poder Executivo notou que durante o mandato (2017/2022), o BNA centrou a sua acção como emissor e entidade reguladora.
Adiantou que a acção do banco central permitiu, entre outras, reduzir o fosso antes existente entre o câmbio de divisas oficial e do mercado informal.
Reformas económicas
O candidato do MPLA apontou, no quadro das reformas económicas em curso no país, a criação de um bom ambiente de negócios, o que, no seu entender, está a propiciar o aumento do investimento privado (nacional e estrangeiro).
Também no segmento económico, João Lourenço notou que, nos últimos cinco anos, Angola começou a sair de uma economia centralizada, onde o Estado era o principal empregador, e passou a valorizar o empresariado privado, como parceiro na criação de emprego.
Energia e águas
Várias vezes aplaudido durante o discurso, o candidato João Lourenço sublinhou os investimentos feitos pelo Executivo liderado pelo MPLA nos sectores da energia e águas.
Lembrou as apostas com a construção das barragens de Laúca (Malanje), Capanda (Malanje), Caculo Cabaça (Cuanza Norte), bem como os investimentos em energia amiga do ambiente, com a edificação de parques de energia solar.
No capítulo da energia solar, destacou as inaugurações recentes dos parques do Biópio e da Baía Farta, ambas em Benguela, uma experiência que se deve estender a todo o sul de Angola.
Falou da interligação, já concretizada, do sistema de electrificação norte/centro e da intenção de ligar o sistema centro ao sul.
No quadro desta estratégia, o candidato do MPLA afirmou que esse mecanismo vai levar, igualmente, corrente eléctrica à província de Cabinda, no norte do país, que ainda é abastecida por fontes térmicas.
Projecto Bita/Quilonga
No comício deste sábado, o líder do MPLA anunciou, em caso de vitória nas eleições gerais, o arranque do projecto Bita/Quilonga, em Luanda.
A expectativa é que o projecto Bita beneficie dois milhões e 500 novos consumidores com o abastecimento de água potável, enquanto o Quilonga tem por meta cinco milhões.
Combate à seca
No sector das águas, particularizou a construção, no mandato que agora termina, do canal do Cafu (Cunene) com 165 quilómetros, equivalente à distância que separa as cidades de Luanda a do Dondo, no Cuanza Norte.
Também para combater a seca no Cunene, disse estarem previstos mais dois projectos idênticos, sendo um no Curoca e outro na Cahama e igual medida está na forja para as províncias da Huíla e do Namibe.
Saúde
No acto, em que saudou a presença de observadores internacionais, João Lourenço destacou a aposta do Executivo angolano nas áreas da educação, saúde, infra-estruturas rodoviárias, desportivas e habitacionais.
Disse que o país voltará a ter um hospital universitário, um novo hospital militar, além de ter falado dos serviços ganhos com a inauguração do Complexo Hospitalar de Doenças Cardio-Pulmunares, com a abertura da unidade Cardeal Dom Alexandre do Nascimento.
Desporto e protecção social
No campo desportivo, João Lourenço associou à prática do desporto à saúde e reafirmou a determinação na construção de infra-estruturas desportivas um pouco por todo o país.
Sublinhou a importância da família, bem como da protecção social às minorias, aos idosos e à necessidade da igualdade do género.
Juventude e corredor do Lobito
João Lourenço destacou a importância dos jovens para o desenvolvimento e crescimento do país.
Sobre o corredor do Lobito, o candidato a Presidente da República anunciou, para o próximo mandato, a construção do ramal ferroviário Benguela/Zâmbia e Luena(Moxico)/Saurimo (Lunda Sul).
Entre as promessas, João Lourenço destacou a construção do Pólo da Barra do Dande, que incluirá infra-estruturas de transporte, lazer, turismo e indústria.
Voto do estrangeiro
Bastante ovacionado, o cabeça-de-lista do MPLA recordou que nos últimos cinco anos o Governo angolano, por si liderado, abriu, pela primeira vez na história do país, o voto dos angolanos na diáspora.
Do total de 14 milhões 399 mil eleitores esperados nas eleições gerais de 24 de Agosto de 2022, mais de metade está concentrada nas províncias de Luanda, Benguela, da Huíla e do Huambo.
As quatro maiores praças eleitorais do país perfazem oito milhões 211 mil de eleitores, equivalente a 57.2 por cento de votantes, dos quais quatro milhões 671 mil em Luanda (37%).
Benguela tem um milhão 201 mil votantes, o equivalente a (8.4%), a Huíla um milhão 235 mil eleitores (8.6%) e Huambo um milhão 103 mil (7.7%).