Adis Abeba – Angola e a República Democrática do Congo (RDC) manifestaram, esta sexta-feira, “enorme preocupação” com a situação de paz e segurança no continente, em particular a expansão do terrorismo e do extremismo violento na região do Sahel, Bacia do Lago Chade, no leste da RDC, no Corno de África e no Norte de Moçambique.
Ao longo de um encontro mantido, em Adis Abeba, o embaixador de Angola na Etiópia e Representante Permanente Junto da União Africana (UA), Francisco José da Cruz, e o seu homólogo congolês, Jean-LéonNgandu Ilunga, reconheceram que o recente aumento de mudanças inconstitucionais de governo em África representa um desafio sério para o seu futuro, uma vez que está a fragilizar a legitimidade democrática e a contribuir para a instabilidade política no continente.
Neste sentido, sublinharam a importância da realização da Cimeira Extraordinária sobre o Terrorismo e Mudanças Inconstitucionais de Governo, prevista para 28 de Maio do corrente ano, em Malabo, Guiné Equatorial, sob proposta de Angola, para definir estratégias de combate às acções terroristas e de extremismo violento em África.
A cimeira de Malabo deverá ainda promover o constitucionalismo e o Estado de direito de modo a consolidar a democracia e a governação inclusiva para o reforço abrangente da paz, da segurança e da estabilidade no continente.
Os dois diplomatas enalteceram as relações estreitas de cooperação entre os dois países e a importância do Mecanismo Tripartido de Diálogo e Cooperação que envolve também a África do Sul.
Destacaram o historial do Mecanismo, criado a 12 de Março de 2013, como uma estrutura para consolidar a paz na Região dos Grandes Lagos e salvaguardar as condições favoráveis à aplicação do Acordo-Quadro para a Paz, Estabilidade e Cooperação na RDC.
Em 24 Agosto de 2013, Angola, África do Sul e a RDC assinaram o Memorando de Entendimento que cria o Mecanismo Tripartido de Diálogo e Cooperação, tendo em conta os interesses comuns e a necessidade de se estabelecer uma cooperação estratégica para consolidar a segurança, estabilidade e cooperação económica.
Ambos os diplomatas analisaram também a questão da inserção de quadros regionais (CEEAC e SADC) nas estruturas da organização continental e saudaram a nomeação da nova directora dos Recursos Humanos da Comissão da UA, Nadege Tandu, uma cidadã da RDC.
Durante o encontro trocaram ainda impressões sobre a actual reforma da UA, no âmbito da implementação da Agenda continental 2063, visando o desenvolvimento e almejando uma África integrada, próspera e em paz.
O embaixador Francisco José da Cruz louvou a liderança da RDC durante a presidência da UA que terminou um Fevereiro último.
Por sua vez, o embaixador da RDC, Jean-Léon Ngandu Ilunga, partilhou a experiência do seu país à frente dos destinos da organização continental.
A região austral, de que Angola faz parte, deverá indicar o país que vai assumir a presidência da União Africana em 2025.
Angola assume o posto de terceiro vice-presidente da Mesa da Assembleia de Chefes de Estado e de Governo da UA, eleita na cimeira de Fevereiro último, realizada em Adis Abeba.