Bruxelas - A presidente do Parlamento Europeu (PE), Roberta Metsola, quer que haja eurodeputados a acompanhar o processo de adesão da Ucrânia à União Europeia (UE), que está dependente de uma decisão do Conselho Europeu em Dezembro.
"Podemos ir ainda mais longe, com elementos deste parlamento como observadores, isto são coisas que interessam à população", sugeriu Roberta Metsola, em entrevista ao Politico.
A ideia, explicou na entrevista, também pode ser aplicada à adesão da Moldova -- que recebeu o estatuto de país candidato em simultâneo com a Ucrânia, em Junho do ano passado.
Na óptica de Roberta Metsola os eurodeputados têm de poder acompanhar as próximas etapas do processo de adesão dos dois países à UE, que vai exigir alterações democráticas substancias.
Contudo, o estatuto de candidato não é, por si só, uma garantia de que a adesão à UE está iminente.
O processo é moroso, como já advertiu, por exemplo, o primeiro-ministro português, António Costa, e não é possível saltar etapas.
E avançar para a próxima está dependente da abertura das negociações oficiais sobre a adesão, pelo Conselho Europeu, em Dezembro.
Para isso, os 27 considerarão um relatório da Comissão Europeia sobre os esforços e progressos de todos os países que estão na esfera na UE e que querem fazer parte do bloco político-económico, entre eles a Ucrânia.
Metsola insinuou que a UE podia oferecer certas vantagens aos países que querem fazer parte do bloco comunitário, por exemplo, comerciais e o envolvimento no programa Erasmus.
No início da semana, uma delegação do Parlamento Europeu deslocou-se à Ucrânia, especificamente à região de Chernihiv - em Agosto um míssil russo matou pelo menos sete pessoas e feriu cerca de 90 - para não só demonstrar solidariedade, mas expressar o empenho da instituição na documentação do crime de agressão para, mais tarde, criar uma maneira de responsabilizar Moscovo.
Em comunicado, o subcomité para os Direitos Humanos referiu que falou com as autoridades ucranianas sobre este instrumento, mas como aconteceu até hoje, não foi capaz de apresentar uma proposta para a criação desta instância -- algo que está a ser discutido amplamente, não só ao nível da UE, mas também do Tribunal Penal Internacional.
A Ucrânia tem insistido na adesão à UE como condição fulcral para coartar as tentativas de Moscovo de apoderar-se do país. Mas as expectativas iniciais do Presidente, Volodymyr Zelensky, acabaram relativamente frustradas quando da parte de Bruxelas foi informado que apesar da atribuição do estatuto de candidato ter sido a mais rápida na história da União, o processo têm tramites oficiais que não podem ser apressados, ainda mais com uma invasão em curso.
O mesmo aconteceu com as aspirações de adesão à NATO: na cimeira de Julho, recebeu a promessa de que um dia a Ucrânia vai estar na Aliança Atlântica, mas só quando houver condições para o fazer.CS