Sófia - O Partido Socialista Búlgaro (BSP) anunciou esta sexta-feira o fracasso de uma terceira tentativa para formar Governo na Bulgária, o que obriga o país mais pobre da União Europeia (UE) a realizar novas eleições, as quintas em dois anos.
"As eleições antecipadas são inevitáveis", afirmou a líder socialista, Korneliya Ninova, após uma reunião no Parlamento com representantes de outras forças políticas, nomeadamente com Nikolay Denkov, primeiro-ministro indigitado depois de o partido que lidera, os conservadores populistas do GERB, ter vencido as eleições de 02 de Outubro de 2022.
Nem o GERB nem os europeístas do Vamos Continuar as Mudanças conseguiram formar um novo Governo com os socialistas, pelo que o Presidente búlgaro, Rumen Radev, deu uma terceira hipótese ao BSP para formar um executivo, o que fracassou.
Após reconhecer novo falhanço, os socialistas têm, agora, de devolver o mandato a Radev até à próxima segunda-feira, após o que o Presidente búlgaro dissolverá o Parlamento e convocará eleições legislativas antecipadas, provavelmente para fins de Março ou princípios de Abril.
A guerra na Ucrânia é a principal divergência dos socialistas, herdeiros do partido único comunista e historicamente próximos de Moscovo, com o GERB, do ex-primeiro-ministro Boyko Borissov, e o Vamos Continuar as Mudanças.
Em 2022, quando a Bulgária era liderada pelo partido Vamos Continuar as Mudanças, enviou munições e combustível em larga escala para a Ucrânia, ainda que de forma velada, pois só nesta semana é que a ajuda foi revelada.
Terça-feira, numa entrevista à televisão búlgara, o ex-primeiro-ministro Kiril Petkov confirmou que a Bulgária enviou, nos primeiros dois meses de guerra, material militar e combustível para a Ucrânia, avaliados em cerca de 2.000 milhões de euros.
Analistas citados hoje pela agência noticiosa Associated Press (AP) afirmaram acreditar que uma nova votação poderá ter um resultado semelhante e prolongar o impasse político que tomou conta do país em 2020, quando milhares de búlgaros participaram em manifestações de protesto para exigir reformas no sistema judicial e acções eficientes no combate à corrupção.
A crise política no país está a aumentar os problemas económicos do Estado membro mais pobre da UE, pois pode atrasar os planos da entrada do país Zona Euro, previsto para 2024, bem como o recebimento dos fundos de recuperação europeus.