Paris - A adesão da Ucrânia à União Europeia levará "provavelmente 15 ou 20 anos", estimou hoje o ministro francês delegado para os Assuntos Europeus, que acredita que Kiev pode entrar na comunidade política europeia proposta pelo Presidente Macron.
"Há que ser honesto. (...) Se dissermos que a Ucrânia vai aderir à UE em seis meses, um ou dois anos, estamos a mentir. Não é verdade. Provavelmente são 15 ou 20 anos, (o processo) é muito longo", afirmou Clément Beaune à Rádio J.
"Enquanto isso, devemos aos ucranianos (...) um projecto político no qual eles possam entrar", continuou.
A comunidade política europeia proposta pelo Presidente Macron é "complementar à UE" e "pode oferecer um projecto político e concreto aos países que não estão no coração da UE e que querem aproximar-se de nós", observou o ministro.
"Não é uma porta fechada, mas, pelo contrário, uma porta aberta", disse, citando vantagens como a "livre circulação na Europa" e poder "beneficiar, em parte, do orçamento europeu para a reconstrução, para o renascimento" da Ucrânia e talvez políticas energéticas comuns.
A questão do alargamento da UE à Ucrânia, Geórgia e Moldova está a gerar controvérsia no seio da União Europeia.
O chefe da diplomacia ucraniano, Dmytro Kouleba, denunciou, na quinta-feira, um "tratamento de segunda classe" de "certas capitais" em relação à candidatura ucraniana à UE.
O chanceler alemão Olaf Scholz disse, anteriormente, que não era a favor de conceder à Ucrânia um "atalho" para a adesão à UE.
No discurso, por ocasião do Dia da Europa, 09 de Maio, Macron destacou que a Ucrânia, invadida pela Rússia, já era "um membro do coração da união".
Mas estimou que o processo de adesão à UE ao qual Kiev aspira "levará vários anos, na verdade várias décadas".
O Presidente francês propôs, paralelamente, a criação de uma "nova organização europeia".
"Não podemos continuar à distância", respondeu o presidente Volodymyr Zelensky, antes de continuar, no sábado: "Não precisamos de alternativas à candidatura da Ucrânia à UE, não precisamos de tais compromissos".
Questionado sobre essa reacção, o ministro francês disse que "compreende" Volodymyr Zelensky, porque a integração na UE "mobiliza o seu povo".
"Mas eu respondo: adesão à Europa, sejamos honestos, leva tempo", acrescentou.