Luena – Sona, símbolo da cultura Cokwe, carece de maior promoção e divulgação, defendeu o académico José Fernando Pinto.
Ao falar numa palestra subordinado ao tema “Sona e o seu povo, elementos educativos na diversificação cultural do povo”, por ocasião do I Festival de Música e Dança Regional Leste Ngeya, referiu, ainda, que o Sona possui instruções e ciência geográficas, de astronomia, matemática, cultural e, em alguns casos, serve de jogo.
O Sona constitui elemento artístico e de educação dos povos Lundas que congrega ciências propícias para o conhecimento geral, usando pelos ancestrais dessa região, que servia, igualmente, aos longo dos tempos, como meio de comunicação.
Trata-se de uma riqueza imaterial angolana que consta das intenções do Ministério da Cultural par ser elevada à Património Mundial pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura).
Mestrando em antropologia cultural, José Fernando Pinto afirmou que o Sona servia como uma demonstração gráfica da escrita milenar, onde se pode encontrar conhecimentos da região.
Por constituir um elemento artístico e de educação dos povos Lundas, entende que deve ser implementado no sistema normal de ensino e aprendizagem, assim como fazem alguns países da África, América (EUA e Brasil), que aplicaram no ensino universitário.
O deputado à Assembleia Nacional George Uefa corrobora da ideia do Sona precisar de uma maior divulgação, para isso “devemos despertar todas as forças da sociedade para a preservação desta identidade cultural”.
Enquanto isso, o director do Planeamento e Controlo da Sociedade Mineira de Catoca, Marçal Vigário, reafirmou a intenção da instituição em continuar a apoiar os fazedores da cultura.
Característica do Sona
São escritas na areia, uma antiga forma de comunicação dos ancestrais da região leste do país, predominada pelo povo Tchokwe, que escreviam mensagens por gravuras em paredes de casas, árvores e no chão (areia) nas aldeias, para serem decifradas pelos demais membros da comunidade.
Estas gravuras de difícil entendimento, encontram-se, actualmente, no Museu Dundo, na província da Lunda Norte, e pelo mundo existem mais de 10 obras científicas que o retratam.
Foi ainda retratado numa longa-metragem intitulada “Os deuses da água”, numa coprodução entre a Argentina e Angola, em 2013.
Pesquisas feitas recentemente indicam a existência, na altura da gravação da longa-metragem, de apenas um ancião, funcionário do Museu do Dundo, que ainda praticava o Sona e que foi um dos actores locais do filme.
O Sona, elevado à categoria de património cultural imaterial, pelo Ministério da Cultura, em 2021, poderá concorrer como Património Mundial da Humanidade da UNESCO.
O I Festival de Música e Dança Regional Leste Ngeya reserva para hoje, desfile de alguns grupos dos 11 grupos de música e dança das três regiões.
Enquanto sábado, 24, segundo e último dia do evento artístico e cultural, irá se realizar uma feira de gastronomia e de artesanato, para além da continuação das exibições de música e dança. LTY/YD