Luanda – A violação recorrente ao sigilo bancário, a movimentação indevida nas contas, fraudes, clonagem de cartões, a morosidade no atendimento e a falta de cortesia nas agências afins, a dualidade de critérios na concessão de créditos, constituem algumas das principais preocupações dos utentes dos serviços de bancos no país.
A ausência de critério para bloqueio de contas e ou a cativação de saldo bancário, pouca ou nenhuma apetência para a concessão de crédito, a tentativa de desresponsabilização dos bancos diante destas situações, constam ainda das inquietações hoje anunciadas à Angop pela secretária-geral da Associação Angolana de Defesa do Consumidor de Serviços e Produtos Bancários (ACONSBANC). Stela Ferreira fez esses pronunciamentos no final de um encontro, em Luanda, com a especialista em Protecção do Consumidor Financeiro do Banco Mundial (BM), Diana Chacon, que abordou as principais inquietações dos utentes deste sector em Angola. A dificuldade na obtenção de carta de idoneidade financeira, as longas filas nas agências, a redução do valor disponibilizado para cada cliente, a difícil acesso às divisas, o depósito à prazo com pouca rentabilidade, não carregamento dos ATM’s nos fins-de-semana, a rotura de stoke de cartões, as elevadas taxas de juros, são, entre outros, os problemas abordados. A título de exemplo, avançou que, só no ano transacto, a ACONSBANC recepcionou cerca de 50 processos de reclamação dos cidadãos, dos quais 20 tiveram desfecho favorável, sendo o BPC (Banco de Poupança e Crédito) a instituição com maior número de queixas. Quanto aos fornecedores de produtos financeiros, que utilizam práticas injustas, apontou igualmente o BPC como a instituição que compreende as fraudes bancárias, cometidas por funcionários do organismo. Também o Banco BIC, no âmbito da reestruturação do crédito habitação, nos casos cujos valores da prestação ultrapassa o rendimento global do cliente. De acordo com um relatório da mesma Associacão, a que a Angop teve acesso na oportunidade, os bancos na sua generalidade transformaram as operações de prestação de serviços (recolha de valores, pagamentos de serviços, venda de produtos de seguros, emissão de cheques, entre outras) em actividade principal, em detrimento das acções activas (concessão de crédito à economia e ao consumo). Na ocasião, a responsável associativa fez saber que a representante do BM garantiu a total disponibilidade para a melhoria das situações, que serão remetidas ao Banco Nacional de Angola (BNA) no sentido de mitigar e salvaguardar os direitos dos consumidores. Garantiu, de igual modo, que a associação que dirige tem desenvolvido acções no sentido de evitar que os riscos e conflitos possam ser levados em fase judicial. A comitiva do BM, que se encontra no país a sensivelmente uma semana, manteve encontros com diversas instituições bancárias e não só, abordando questões sobre desafios enfrentados pelos consumidores, acções correctivas desenvolvidas pela banca, riscos emergentes como resultado de inovações tecnológicas, entre outras.
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