Catumbela – A falta de comprometimento de alguns gestores de topo, no que concerne à gestão adequada dos resíduos, é uma das preocupações prementes da Agência Nacional de Resíduos (ANR), soube a ANGOP, esta terça-feira.
Falando à imprensa, à margem de um seminário metodológico sobre gestão dos resíduos industriais, realizado hoje, no município da Catumbela, província de Benguela, a Presidente do Conselho de Administração da ANR, Nelma Caetano, afirmou que a sua instituição tem estado a constatar que os gestores olham mais para os lucros das suas empresas.
"Viemos mostrar que olhar para os lucros significa também fazer o exercício da valorização dos resíduos, porque aqueles que são produzidos nalgumas indústrias podem servir de matéria-prima para outras”, argumentou.
Para facilitar o processo, Nelma Caetano fez saber que a ANR tem estado a reduzir os procedimentos a nível da certificação e do licenciamento para as empresas operadoras de resíduos.
“Em 2021, para estas empresas funcionarem, tinham de submeter à ANR 30 documentos Hoje são necessários apenas onze e, por outro lado, aumentamos o prazo de validade das licenças de um para cinco anos, um ganho significativo para elas”, frisou.
Referindo-se à província, disse que Benguela é a segunda com o maior tecido empresarial e consequentemente é a que produz mais resíduos, a seguir a Luanda.
“Decidimos promover aqui no Polo Industrial de Desenvolvimento da Catumbela o seminário metodológico, cujo alvo são as empresas, para que mais uma vez o Ministério do Ambiente, através da ANR, possa elucidar os empresários sobre as boas práticas, a nível da gestão dos resíduos”, assegurou a PCA.
Por sua vez, o Presidente do Conselho de Administração do PDIC, Miguel Correia disse tratar-se de uma “excelente oportunidade para reflexão e partilha de conhecimentos que contribuirão para o alcance dos objectivos do seminário”.
A capacitação dos empresários sobre conhecimentos e melhores práticas ambientais, a criação da cultura de separação de resíduos, o incentivo do empreendedorismo verde e economia circular, bem como dotar os participantes de conhecimentos elementares sobre vantagens adequadas dos resíduos, foram assuntos abordados no seminário.
Na sua intervenção, a ministra do Ambiente, Ana Paula de Carvalho, destacou o dever de defender o ambiente, consagrado na Constituição da República, sendo, por isso, obrigação de todos os cidadãos honrar este compromisso.
Deu exemplo de hospitais e similares, que ao contratarem uma empresa para recolha de resíduos hospitalares que, pela sua natureza, enquadram-se maioritariamente na classe dos resíduos perigos.
“Devem solicitar que apresente o certificado ou licença passada pela autoridade competente. Assim os gestores destas organizações estariam a cumprir com o dever de proteger o ambiente, pois evitaríamos ver seringas, luvas e outros utensílios depositados nos contentores com lixo comum”, defendeu a ministra.
Ana Paula de Carvalho afirmou ainda que o país ganhará, se cada um fazer bem o seu trabalho, no que diz respeito às normas ambientais, já que as grandes economias têm estado a ser criteriosas no relacionamento com países amigos do ambiente, quer para financiamento de projectos, como para mitigação dos impactos negativos causado ao ambiente.
Por sua vez, o governador Luís Nunes agradeceu a escolha da província de Benguela para albergar o seminário sobre resíduos pela segunda vez, manifestando a grande importância pelos assuntos discutidos no evento.
“Acções como estas que presenciamos, afiguram-se necessárias e de extrema importância para o alcance dos objectivos, de forma a reduzir ao máximo o impacto negativo, em consequência da insuficiente gestão dos resíduos que ainda temos verificado na nossa província”, afirmou
Luís Nunes lembrou sobre o potencial económico da província, com destaque para agricultura, pescas e o sector mineiro, podendo contribuir com distintas actividades industriais, nomeadamente o agro-negócio e indústrias transformadoras.
Apelou aos empresários no sentido de dominarem os desafios ambientais para se reduzir a poluição marinha, dos solos e do ar.
Participaram no seminário, membros do governo local, quadros do Ministério do Ambiente e do Polo Industrial de Desenvolvimento da Catumbela, empresários e associações. TC/CRB