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RDC acusa Rwanda de invasão após movimento rebelde tomar localidade

     África              
  • Luanda • Terça, 14 Junho de 2022 | 12h46
Bandeira da República Democrática do Congo
Bandeira da República Democrática do Congo
Divulgação

Kinshasa - O exército da República Democrática do Congo (RDCongo) acusou o Rwanda de invasão após o grupo rebelde Movimento 23 de Março (M23) ter tomado na segunda-feira o controlo da localidade de Bunagana, perto da fronteira com o Uganda.

"As Forças de Defesa do Rwanda decidiram, desta vez de forma flagrante, violar a intangibilidade da nossa fronteira e a integridade do nosso território ao ocupar a cidade fronteiriça de Bunagana", no leste da RDC, denunciou o exército congolês em comunicado, após reiteradas acusações de Kinshasa contra Kigali por suposto apoio ao M23 durante os combates dos últimos dias.

"Isto constitui uma invasão da RDC, nem mais nem menos, e as Forças Armadas congolesas exigirão todas as consequências e defenderão a pátria", disse o porta-voz do governador militar da província de Kivu Norte, Sylvain Ekenge, em comunicado recolhido pelo portal congolês de notícias 7sur7.

Um porta-voz do Exército congolês, N'Djike Kaiko Guillaume, argumentou que as tropas se retiraram da cidade e cruzaram a fronteira com o Uganda "para não causar baixas entre a população civil, como os ruandeses queriam".

"Garantimos à população que as Forças Armadas da RDC estão na zona e contêm o inimigo. Actuamos de forma incessante para conseguir que os ruandeses e os seus filhos [em referência ao M23] sejam expulsos do território nacional", disse.

O M23, por seu lado, sublinhou em comunicado que o controlo de Bunagana não estava entre os seus objectivos e ofereceu ao Presidente da RDC, Félix Tshisekedi, a possibilidade de diálogo para "procurar uma resposta às reivindicações por vias pacíficas".

"Pedimos uma vez mais ao Presidente que aproveite esta oportunidade para pôr fim à violência que provoca esta guerra inútil e para abrir negociações directas com o nosso movimento para pôr fim ao conflito de forma definitiva", disse.

As relações entre o RDC e o Rwanda estão tensas desde a chegada em massa ao leste da RDC de hutus ruandeses acusados de massacrar os tutsis durante o genocídio ruandês de 1994.

Após uma fase de relaxamento diplomático, o conflito voltou a intensificar-se no final do mês passado, quando o Governo congolês convocou o embaixador ruandês para denunciar o suposto apoio do país ao M23.

O ministro dos Negócios Estrangeiros rwandês, Vicent Burita, rejeitou recentemente as acusações "infundadas" da RDC e sublinhou que é necessário resolver os problemas para evitar "um círculo vicioso de conflitos indesejados e destrutivos", acusando Kinshasa de albergar membros do grupo armado Forças Democráticas para a Libertação de Rwanda (FDLR), fundado e formado principalmente por hutus responsáveis pelo genocídio.

O M23 é acusado desde Novembro de 2021 de realizar ataques contra posições do Exército no Kivu do Norte, apesar de as autoridades congolesas e o M23 terem assinado um acordo de paz em Dezembro de 2013 após os combates registados desde 2012 com o Exército, que foi apoiado por tropas das Nações Unidas.

Especialistas da ONU acusaram o Uganda e o Rwanda de apoiarem os rebeldes, acusações refutadas por ambos os países.

Angola tem procurado mediar a tensão entre os dois países, no âmbito de um mandato atribuído a Luanda pela União Africana na recente cimeira realizada em Malabo.

A 31 de Maio, o Presidente angolano, João Lourenço, abordou com o Presidente Tshisekhedi "questões relativas à crescente tensão" entre a RDC e o Rwanda, tendo discutido "vários aspectos que podem contribuir para a resolução pacífica do diferendo entre os dois países".

 



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