Pretoria - O secretário-geral do partido no poder na África do Sul, Fikile Mbalula, que perdeu a maioria absoluta pela primeira vez em 30 anos, anunciou hoje que o partido aceita o resultado eleitoral nas eleições de quarta-feira.
"É a vontade do povo, e é isso que devemos aceitar", declarou Fikile Mbalula, segundo noticiou o site Notícias ao Minuto.
Em conferência de imprensa no centro de resultados da Comissão Eleitoral Independente (IEC), em Joanesburgo, o dirigente do Congresso Nacional Africano (ANC na sigla em inglês) referiu que o partido "não pode abandonar o navio, porque seis milhões de pessoas ainda acreditam" nele.
"Ainda estamos de pé. Nós voltaremos", vincou.
Mbalula congratulou os outros partidos que "conquistaram os corações do povo" e agradeceu à Comissão eleitoral sul-africana.
O secretário-geral do ANC apelou ainda a todos os sul-africanos para que "resistam aos esforços daquelas forças que querem minar a democracia", numa alusão a declarações do ex-presidente Jacob Zuma.
Na véspera do anúncio dos resultados finais pela Comissão Eleitoral, previsto para hoje, Zuma disse que "não deve haver pressa para declarar as (resultados das) eleições", sublinhando que "haverá problemas".
Na óptica de Mbalula, o ANC emerge da eleição com um "mandato firme", reconhecendo que pese embora o ANC tenha sido o partido mais votado, os resultados mostram um "declínio significativo" relativamente às anteriores eleições (57,5% dos votos em 2019).
"Queremos garantir ao povo da África do Sul que ouvimos", frisou o secretário-geral do ANC Governante.
"O nosso trabalho é começar a fazer bem as coisas", declarou à imprensa Mbalula.
Com 99,91% dos círculos eleitorais declarados às 11:50 (10:50 de Luanda), o ANC de Nelson Mandela vai permanecer no poder, sendo o partido mais votado, mas perdeu a maioria absoluta com 40,20% (6 447 659 votos) nas eleições realizadas quarta-feira, segundo os resultados provisórios divulgados pela comissão eleitoral.
O Aliança Democrática (DA), líder da oposição em 2019, é o segundo partido mais votado, com 21,78% (3 493 758 votos), seguido do partido uMkhonto weSizwe (MKP) do ex-presidente Jacob Zuma com 14,59% (2 339 203).
Em 2019, o partido liderado por Cyril Ramaphosa, que é também Presidente da República da economia mais desenvolvida no continente, obteve 57,5% dos votos, elegendo 230 deputados para o parlamento bicameral de 490 lugares.
A confirmarem-se os resultados, o Congresso Nacional Africano (ANC, na sigla em inglês) terá de encontrar partidos à esquerda ou no centro-direita que queiram formar uma coligação para governar o país nos próximos cinco anos.
Nesse sentido, o secretário-geral do ANC indicou hoje que "as negociações estão em curso a todo o vapor", incluindo com o partido MK de Jacob Zuma, acrescentando que o Comité Nacional Executivo (NEC, na sigla em inglês) do partido no poder fará um anúncio nesse sentido na próxima terça-feira.CS