Cidade de Pemba - O grupo terrorista Estado Islâmico reivindicou, esta sexta-feira, a autoria de um ataque, em Cabo Delgado, norte de Moçambique, em que afirma terem morrido nove militares, o segundo do género conhecido este mês.
De acordo com a informação avançada pelo grupo terrorista nos seus canais de propaganda, citados pela Lusa, o ataque terá ocorrido esta semana, mas sem precisar o local.
A Lusa ainda não conseguiu confirmar no terreno a veracidade desta informação e o Governo moçambicano não comenta este tipo de ataques.
O Estado Islâmico já tinha reivindicado, em 09 de Dezembro, a autoria de um ataque em Cabo Delgado em que morreram cinco militares, afirmando ainda que decapitaram um cristão, civil.
O ataque teria sido documentado em vídeo e teria ocorrido, na aldeia de Manhiça, distrito de Muidumbe, levando ainda à fuga da população.
A província de Cabo Delgado enfrenta há seis anos uma insurgência armada com alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico que levou a uma resposta militar desde Julho de 2021, com apoio do Rwanda e da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), libertando distritos junto aos projectos de gás.
O conflito já fez um milhão de deslocados, de acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projecto de registo de conflitos ACLED.
O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, pediu em 22 de Novembro "decisões" sobre a capacidade de resposta das Forças Armadas em Cabo Delgado, com reservistas, tendo em conta a prevista retirada das forças estrangeiras que apoiam no terreno contra os grupos terroristas.
"Decisões concretas sobre a capacidade de resposta das Forças Armadas em relação à sua acção no combate ao terrorismo em Cabo Delgado no período após a retirada das forças amigas da SAMIM -missão da SADC em Moçambique - e do Rwanda", pediu Nyusi, na abertura do XXIV Conselho Coordenador do Ministério da Defesa Nacional.
"Para o efeito, a vossa reflexão deve igualmente avaliar a forma de melhor capitalizar o manancial de reservistas, empenhando-os directa ou indirectamente em várias missões em prol da defesa da soberania e integridade territorial do nosso país. E a realidade actual justifica", acrescentou.
A cimeira da SADC aprovou em Agosto passado a prorrogação da missão em Cabo Delgado, por 12 meses, até Julho do próximo ano.
Uma missão de avaliação propôs em Julho passado a retirada completa dos militares da SAMIM em Cabo Delgado até Julho de 2024, assinalando que a situação na província "está agora calma", apesar de os riscos prevalecerem.
Nas recomendações, a missão de avaliação aconselha o início gradual da saída da SAMIM a partir de 15 de Dezembro deste ano e a conclusão da retirada em 15 de Julho de 2024, um dia antes do fim do prazo da prorrogação decidida na terça-feira da semana passada pela troika da SADC.
Além da SAMIM e das forças governamentais moçambicanas, combatem a insurgência em Cabo Delgado as tropas do Rwanda, estando estas a operar no perímetro da área de implantação dos projectos de gás natural da bacia do Rovuma. GAR