Rundo (Namíbia) – A construção de postos fronteiriços na região angolana do Okavango foi apontada como uma das medidas para aproveitar o grande fluxo de turistas internacionais que circulam ao longo do corredor turístico da faixa de Capriv e melhorar a exploração dos principais pontos turísticos de Angola.
A posição foi expressa nesta quarta-feira, na região namibiana do Rundo, pelo presidente do Conselho de Administração da Agência Nacional para a Gestão da Região do Okavango (ANAGERO), Rui Lisboa, no final da primeira edição do Raid Okavango, 2024.
Sem precisar números, fez saber que a região é parte importante da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), sendo a placa giratória e ponto de passagem/trânsito de turistas para outros países, por isso, acredita que a implementação dos postos pode ser uma estratégia para fazer com que os turistas tenham paragem obrigatória e sintam-se atraídos pela região.
Informou que os locais para a implantação de postos fronteiriços estão devidamente identificados e deverão ser construídos nos itinerários Bico de Angola/Sussue, Bwabwata /Tcheto, Bico de Angola/Divundo e Dirico/Ndione.
Outra medida que poderá dar maior visibilidade ao turismo na região, segundo Rui Lisboa, passa pela necessidade de se ultrapassar todos os constrangimentos, sobretudo de concepções dentro e fora das áreas de conservação, para que se tenham investimentos ao longo de todo o Okavango, de formas a facilitar a vida dos turistas que precisam de vários serviços para o seu devido suporte.
Afirmou que o Raid já é uma marca e será a principal ferramenta de divulgação e promoção das potencialidades de negócio da região angolana do Okavango.
“O Raid é a marca da afirmação do turismo, porque o turismo não é teórico, ele é prático. Precisamos movimentar o turista, o potencial investidor, porque quem conhece e constata a realidade tem maior capacidade de decisão para realizar o investimento”, sublinhou.
Conforme afirmou o gestor, o Raid permitiu que fossem os próprios turistas que visitassem a região angolana do Okavango e, em função da observação feita, serem eles próprios os agentes da promoção turística do Okavango, partilhando as fotografias com familiares e amigos e sentirem-se igualmente motivados para visitarem a região.
Sobre as datas e pacotes das próximas edições do Raid, fez saber que será feito um ajustamento para adequar a solicitação de alguns pais e encarregados de educação que gostariam participar nesta aventura e viram-se impedidos pela coincidência do período das aulas que já estão em curso, por isso, será feito um reajuste para começar o Raid entre finais de Agosto e princípio de Setembro.
Avançou que o itinerário da próxima edição também sofrerá alteração, justificando que pretende-se conhecer o Okavango em toda a sua plenitude que comporta, para além do Cuando Cubango, parcelas territoriais das províncias Huambo, Bié, Moxico, Huila e Cunene.
“ A organização vai analisar e até Dezembro será definido o roteiro para a próxima edição do Okavango”, frisou.
Rentabilização dos parques e oferta de produtos culturais
Quanto a rentabilização dos parques, fez saber que já foi aprovado pelo governo angolano um Decreto para a promoção do ecoturismo nas áreas de conservação, onde estão estabelecidos valores para entrada e acampamento dos turistas a nível dos parques, necessitando-se apenas a criação de condições técnicas, logísticas e administrativas para que se efectue a cobrança.
Por outro lado, o responsável disse que, apesar de terem notado a presença de produtos culturais, ainda assim sentiu, da parte dos agentes, pouco aproveitamento pleno de toda a oportunidade de negócio criado pelo Raid.
Ainda assim, sublinhou que a interacção com as autoridades e líderes tradicionais foi um dos pontos mais marcantes do Raid Okavango 2024.
“ Vamos trabalhar para que durante a passagem das caravanas turísticas nos municípios, comunas e aldeias, os agentes culturais possam aproveitar a oportunidade de apresentar o que de melhor sabem fazer que é o artesanato, a cultura e produtos especiais de cada localidade”, realçou.
O Raid, promovido pela Agência Nacional para Gestão da Região do Okavango (ANAGERO), com o apoio dos governos provinciais do Huambo, Bié e Cuando Cubango, que decorreu entre 20 e 26 de Setembro, com a participação de 120 turistas, permitiu aos turistas verem de perto todas as potencialidades culturais, naturais e históricas da região, de formas a atrair investidores para o seu aproveitamento e desenvolvimento da região. MSM/FF/PLB