Benguela - A construção de uma linha de 400 megawatts, para ligar o Huambo à barragem do Lomaum (Cubal), é a solução imediata encontrada pelo Executivo para fornecer energia eléctrica aos municípios do interior da província de Benguela, soube a ANGOP, esta terça-feira.
Em entrevista exclusiva à ANGOP, o vice-governador de Benguela para área Técnica e Infra-estruturas, Adilson Gonçalves, não especificou, contudo, a data para o arranque das obras.
O responsável garantiu, para os próximos tempos, a interligação entre a barragem de Lomaum às barragens de Laúca e Cambambe, sendo a prioridade para os municípios do Cubal e da Ganda.
"Algumas regiões do país já beneficiam de energia proveniente desta interligação entre Laúca e Cambambe, mas a província de Benguela ainda não", explicou
Adilson Gonçalves esclareceu, no entanto, que já existe um projecto para fornecer energia eléctrica ao corredor Ganda, Cubal, Caimbambo e Chongoroi.
"Tem um adicional que é a do Dombe Grande, mas o Executivo até ao momento continua à procura de parceiros para financiamento do projecto", afirmou.
Enquanto esta situação não acontece, o Governo decidiu melhorar o fornecimento de energia a nível dos municípios do interior com fontes térmicas, apesar de alguns deles terem recebido geradores com maior capacidade, segundo o responsável.
Trata-se dos municipios da Ganda, Cubal, Caimbambo e Chongoroi, a sul, e o Balombo, a norte.
"Todos os municípios que não fazem parte do sistema nacional de fornecimento de energia, o Governo subsidia o combustível", informou.
Sobre a forma de gestão, disse que os municípios fazem as requisições, o Governado Provincial de Benguela envia para a Empresa Pública de Produção de Electricidade ( PRODEL) e esta faz a gestão das fontes térmicas, nomeadamente o controlo, o tempo de funcionamento dos geradores e o combustível necessário.
A SONANGOL, por sua vez, recebe o documento e programa a distribuição mensal do combustível.
"Cada Administração tem de fazer a gestão do produto recebido, de acordo com os horários que precisam", esclareceu.
O vice-governador revelou que o GPB já reuniu com a SONANGOL, onde foram feitas algumas simulações e solicitou o aumento de combustível para aquelas unidades orçamentais, mas "a decisão depende do Governo Central".
A falta de energia da rede limita o investimento comercial, industrial e turístico nos municípios do interior e cria inúmeros transtornos sociais aos habitantes dessas zonas.
No caso da Ganda, por exemplo, a energia está a ser garantida apenas por um gerador de mil e 130 kaveares, já com longo tempo de vida útil.
Segundo o vice-governador, o equipamento tem estado a receber peças sobressalentes de um outro fora de serviço há muito tempo.
O gerador abastece as instituições, casas de representantes do Governo e iluminação pública. O Hospital Municipal da Ganda, albergarias, restaurantes e algumas residências, sobrevivem de geradores próprios.
Questionado sobre a hipótese de algumas unidades térmicas concentradas na Estação da Kileva, no Lobito, reforçarem os municípios mais problemáticos, explicou que o que lá está não funciona.
"Agumas foram emprestadas às provincias do Cunene e do Namibe. Sobrou uma que serve de back up para fazer funcionar a própria subestação da Kileva", disse.
Acrescentou que está a chegar um conjunto para fazer arrancar a central fotovoltaica do Biópio, quando for necessário.
Em relação às centrais fotovoltaicas do Biópio e da Baía Farta, informou que estão ligadas ao sistema nacional e para arrancar de forma independente precisam desses equipamentos.
Dos municípios do interior, o Bocoio, localizado a 60 quilómetros do Lobito e a 90 de Benguela, é o único que tem energia 24 horas por dia.
Tem um sistema híbrido, que funciona com geradores e painéis solares de forma alternada, de acordo com as necessidades do dia.
"Provavelmente vai ser desactivado e substituído por uma subestação para ligar a Lomaum", revelou o vice-governador.
A província de Benguela tem uma extensão territorial de 39 mil e 827 quilómetros quadrados.
A sua divisão administrativa é composta por dez municípios e conta com uma população estimada em dois milhões e 500 mil habitantes. TC/CRB