Benguela - O bispo da recém criada Diocese da Ganda, Dom Estêvão Binga, afirmou, este sábado, nesta cidade, que quer contribuir, com o apoio dos fiéis e de outros parceiros, na criação de infra-estruturas sociais para promover o desenvolvimento da região.
Em entrevista à ANGOP, Dom Estêvão Binga disse que os desafios da nova Diocese são vários, mas a criação de escolas, postos de saúde, cozinhas comunitárias e melhoria das vias de acesso às zonas mais recônditas, constam das suas prioridades.
Segundo o prelado, durante as missões pastorais, tem percorrido algumas zonas para visitar e ouvir o povo, estando a falta das referidas infra-estruturas entre as suas maiores inquietações.
O bispo disse que existem algumas escolas, nas zonas mais recônditas, abandonadas devido à precariedade das vias de acesso e às distâncias para acedê-las.
Apontou ainda a falta de recursos humanos para alocar nessas localidades como uma situação que levanta outros problemas, não apenas sociais como a nível eclesiástico.
Contudo, considerou imperioso o aumento de conhecimentos da população, porque, defendeu, quando esta não tem base educacional, torna-se mais complicada a acção da própria igreja e o desenvolvimento da região.
Dom Estêvão Binga referiu que existem centros com algumas capelas, mas estas, por si só, não podem resolver o problema da educação dos cidadãos, condicionando-se assim também o desenvolvimento cristão.
O líder religioso fez saber que uma das preocupações do clero prende-se com a falta de novas vocações para sucessão, e a falta de escolas pode comprometer este processo, porque para dirigir é necessário ter algum conhecimento, sobretudo da bíblia e a outros níveis.
Por outro lado, apontou a fuga de jovens, que abandonam as suas comunidades por falta de oportunidades a todos os níveis e de serviços sociais, como outro entrave ao crescimento dessas áreas.
Para contrapor essa realidade, é intenção do bispo diocesano criar um Instituto Superior na Ganda, com base na realidade e necessidades da região, para se evitar a fuga de recursos humanos.
Dom Estêvão Binga assegurou que, para concretização deste projecto, vai procurar recorrer ao povo de Deus, Governo e outras forças vivas da sociedade.
Segundo o bispo, o desafio é ir para estas periferias e torná-las "centralidades", pois, tudo tem um começo, daí a criação de condições para que o país diversifique a sua economia com o contributo de todos.
Serviço missionário
Dom Estêvão Binga recordou que o município da Ganda é uma zona de evangelização antiga e que existem zonas em que o próprio povo se envolve na criação de condições de acesso para o bispo atingir determinadas localidades.
Dom Binga afirmou que os missionários são enviados para formar integralmente as pessoas, para além da doutrina.
"Um padre ou bispo numa determinada aldeia é interlocutor do povo junto das autoridades, elabora projectos que visam a melhoria da qualidade de vida das pessoas, para além de disseminar o eevangelho e a doutrina", disse.
Na sua óptica, o município da Ganda tem gente forte ao nível da fé, que tem esperança e se empenha, mesmo sem meios.
"Quando se trata de fé, os catequistas e o seu povo fazem de tudo para atingir localidades onde a Administração do Estado tem dificuldades de chegar, daí que não irá faltar colaboradores para desenvolver a nova Diocese da Ganda", enfatizou.
Outros problemas sociais
Quanto ao deficiente fornecimento de energia e água na região, considera ser uma preocupação antiga e augura, com o apoio do Governo, que possam encontrar soluções para inversão da situação que já remonta há décadas.
Pediu ainda que se faça algum investimento para colocação de para-raios nas zonas onde ocorrem frequentemente situações de descargas eléctricas por conta da chuva, no sentido de prevenir as constantes perdas de vidas humanas e de animais.
No que aos crimes ambientais diz respeito, Dom Binga considera a situação de preocupante, uma vez que acompanha com muita tristeza a exploração e abate desenfreado dos eucaliptos na Ganda.
Segundo o prelado, vai ajudar a combater este fenómeno, por via da formação e consciencialização das pessoas, fiscalização e denúncias.
O líder religioso disse ser necessário aferir junto destas empresas se são portadoras de licenças que as certifique para o efeito, porque "há muito abate indiscriminado de árvores e queimadas na região".
Defendeu a obrigatoriedade da reflorestação, para preservação da fauna e flora local.
A tomada de posse do novo bispo da Diocese da Ganda acontece no próximo mês de outubro.
Dom Estêvão Binga foi ordenado diácono em 1995, sacerdote em 1996 e em 2021 foi nomeado bispo auxiliar da Diocese de Benguela.
A sua nomeação, pelo Papa Francisco, como primeiro bispo da recém criada Diocese da Ganda aconteceu em Agosto deste ano (2024).
Ganda, Cubal , Caimbambo, Chongoroi e Tchindjendje são os municípios da nova Diocese, que conta com 47 sacerdotes diocesanos, 12 sacerdotes religiosos, 64 madres, 49 seminaristas. CRB