Lubango – A produção de muletas no centro ortopédico do Lubango, província da Huíla, caiu de 150 pares/ano, em 2021, para 49, em 2022, por falta de matéria-prima, toda ela adquirida no mercado nacional.
A média de produção trimestral de muletas é de cinco pares, seis próteses e sete orto-próteses, quantidade insuficiente para dar resposta à demanda, segundo deu a conhecer hoje, segunda-feira, à ANGOP, no Lubango, o director do referido Centro, Sebastião Kwaba.
O médico ortopedista, anteriormente o centro tinha capacidade de 30 próteses por mês, 67 orto-próteses e 150 muletas, mas a produção requer cinco tipos de materiais diferentes, todos eles em carência, devido a exiguidade orçamental.
Sublinhou que as próteses para amputação transtibial são dispositivos que substituem a tíbia e a fíbula, os ossos localizados entre a articulação do joelho e do pé, as mais solicitadas pelos pacientes.
A aquisição do produto para a produção desses aparelhos tornou-se difícil, disse a fonte, devido a alteração de preços no mercado de compra.
Apesar das dificuldades vigentes, conforme o médico, a instituição que dirige está empenhada na produção de próteses transtibial e transfemoral dos membros inferiores, sendo que para os membros superiores só será possível fornecer no próximo ano, após conclusão da formação de dois técnicos, na Alemanha.
A criação de serviços de orto-protesia teve como principal base reabilitar vítimas de minas, mas hoje a demanda é maior, porque os acidentes e as diabetes provocam um fluxo considerável de pessoas com necessidades desses serviços, disse o entrevistado.
“Hoje as nossas pesquisas e estatísticas demonstram que nos últimos 12 anos, os utentes que procuram os serviços de reabilitação física são as vítimas de acidentes de natureza diversa e as amputações por diabetes”, - disse.
Um outro condicionalismo que afecta o funcionamento do Centro, revelou, tem a ver com a “gritante” falta de transporte para apoiar os doentes da Huíla, Namibe e Cunene, assistidos lá, o que afecta, também, a recolha de dados de pacientes que necessitam de tratamento.
Sebastião Kwaba destacou que a instituição necessita de um orçamento de 500 milhões de kwanzas/ano para atender todas essas necessidades, desde a compra de material e de manutenção das máquinas já ultrapassadas, pois a maior parte delas conta já 31 anos de serviço.
Actualmente disse receber da direcção nacional de Saúde Pública 100 milhões de kwanzas, a cada ano, isto é desde 2016 altura, que foi transferido das dependências do Hospital Central do Lubango, para a localidade da Eiwa, onde tem instalações próprias.
Há, igualmente, a necessidade da instalação da energia eléctrica da rede, melhorias no acesso, a criação de uma oficina de orto-prótese, campo de reeducação de marcha, uma vez que os atendimentos aos pacientes são gratuitos.
“Fez-se uma proposta para a necessidade de uma comparticipação dos pacientes, em função do material que está muito caro, mas não vai abranger deficiente de guerra, só para casos de acidentes diversos”, disse.
Uma outra necessidade, disse Sebastição Kwaba, é a instalação de um bloco operatório para tratar certos casos de amputações viciosas que merecem ser recuperadas, pois a falta dele, força a transferência de pacientes com essas necessidades ao hospital central do Lubango, “António Agostinho Neto”.
O Centro precisa de 115 funcionários, mas dispõe de 73 para os laboratórios de produção de orto-próteses e próteses, bem especialistas em fisioterapia e enfermagem-geral.
De acordo com a fonte, é igualmente urgente a requalificação do centro ortopédico do Lubango, vai permitir prestar cada vez mais melhor atendimento aos pacientes que ocorrerem no local.
O programa de requalificação dos 11 centros ortopédicos no país iniciou em 2019, no âmbito do Plano Nacional de Desenvolvimento (PND), faltando apenas o do Lubango, em função da sua dimensão.