Cidade do México - O senado mexicano aprovou hoje a reforma judicial, depois de ter sido invadido por manifestantes hostis à proposta de tornar o México no primeiro país do mundo a nomear todos os juízes por voto popular, segundo a AFP.
Apresentada pelo Presidente cessante, Andrés Manuel Lopez Obrador, de esquerda, a reforma foi aprovada por 86 votos a favor, dois terços dos 127 senadores presentes na câmara alta, dominada pelo partido Morena (no poder), e aliados, e 41 votos contra dos partidos da oposição.
Várias centenas de manifestantes invadiram a sede do senado mexicano na terça-feira para se oporem a esta reforma do sistema judicial, forçando a deslocação dos debates.
Os debates foram retomados ao fim da tarde (hora local) no novo edifício, em torno do qual os manifestantes também se deslocaram.
A reforma já tinha sido aprovada na semana passada pelos deputados num ginásio, depois de a câmara baixa ter sido bloqueada por manifestantes.
O chefe de Estado mexicano, que em 01 de Outubro vai ser substituído pela Presidente eleita, Claudia Sheinbaum, do mesmo partido, afirmou que o sistema judicial mexicano é corrupto e serve apenas os interesses económicos da elite, enquanto mais de 90% dos crimes ficam impunes no México, de acordo com organizações não-governamentais (ONG).
Os opositores consideraram que a reforma vai pôr em causa a independência dos juízes e torná-los vulneráveis às pressões do crime organizado.
Os Estados Unidos, principal parceiro comercial do México, consideraram a reforma "um risco" para a democracia mexicana e "uma ameaça" para as relações comerciais bilaterais, numa altura em que o México ultrapassou a China como o maior parceiro comercial do vizinho do norte. GAR