Londres - O Reino Unido vai acolher, hoje e quinta-feira, uma cimeira internacional para debater a evolução exponencial da inteligência artificial (IA) e definir estratégias comuns globais para enfrentar os riscos e aproveitar oportunidades resultantes desta revolução tecnológica.
A cimeira vai juntar dirigentes políticos, representantes da indústria tecnológica, investigadores e organizações da sociedade civil em Bletchley Park, perto de Londres, local escolhido pelo simbolismo porque foi onde as mensagens nazis foram descodificadas durante a Segunda Guerra Mundial.
Vinte e sete países, incluindo os Estados Unidos, China, Japão, Índia e membros da União Europeia como Alemanha, França e Espanha, foram convidados, juntamente com empresas importantes como a OpenAI, a Google Deepmind, a Anthropic, a Meta, a Microsoft e a Nvidia.
Poucos dirigentes mundiais confirmaram a presença, com excepção da primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, a vice-presidente dos Estados Unidos Kamala Harris e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
O Secretário-Geral da ONU, António Guterres, também deverá estar presente, bem como o proprietário do construtor de automóveis Tesla e da rede social X (antigo Twitter) Elon Musk.
A China também foi convidada, mas apenas para o primeiro dia.
"A minha visão e o nosso objectivo final é trabalhar no sentido de uma abordagem mais internacional da segurança, em que trabalhemos com os nossos parceiros para garantir que os sistemas de IA são seguros antes de serem lançados", adiantou o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, num discurso esta semana.
Sunak enumerou alguns dos riscos da IA, como a potencial utilização para "fabricar armas químicas ou biológicas", "ataques cibernéticos, desinformação, fraude ou mesmo abuso sexual de crianças".
"E nos casos mais improváveis, mas extremos, existe mesmo o risco de a humanidade perder completamente o controlo da IA", acrescentou.
No primeiro dia da cimeira, ministros responsáveis pelo sector digital, especialistas e membros da indústria tecnológica vão debater os potenciais perigos e as formas de os mitigar.
Na quinta-feira, Sunak vai presidir a uma sessão com os dirigentes políticos convidados e um pequeno grupo de empresas e especialistas.
Espera-se que os participantes assinem uma declaração conjunta no final da cimeira definindo formas de cooperação internacional.
Rishi Sunak defendeu a formação de um grupo de peritos internacionais, inspirado no modelo do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), para publicar um relatório sobre o estado da ciência em matéria de IA.
O Presidente norte-americano Joe Biden assinou na segunda-feira uma ordem executiva para regulamentar o desenvolvimento e aplicação de tecnologias de IA, colocando salvaguardas de privacidade, segurança e equidade e apelando a uma cooperação internacional na matéria.
"Para realizar a promessa da IA e evitar o risco, temos de regular esta tecnologia", afirmou o Presidente, ao assinar a ordem executiva e depois de notar que a IA está agora em todo o lado.
A ordem divide-se em oito áreas: segurança da IA, privacidade dos cidadãos, protecção da equidade e direitos civis, utilização na área da saúde, impacto no mercado laboral, inovação e concorrência, cooperação internacional e utilização responsável pelo governo.
Na semana passada, o secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres, lançou hoje um órgão consultivo multissectorial de alto nível sobre IA, que até ao final do ano vai identificar riscos e desafios, mas também as principais oportunidades.
Numa apresentação à imprensa deste novo órgão, Guterres indicou que vai trabalhar de forma independente e "rápida", porque o mundo está em "contra relógio".
O grupo de trabalho fará recomendações preliminares em três áreas até ao final deste ano a governação internacional da IA; uma compreensão partilhada dos riscos e desafios; e as principais oportunidades e facilitadores para aproveitar a IA em prol da aceleração e concretização dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). CNB/CS