Buenos Aires - O Presidente da Argentina, Javier Milei, afirmou terça-feira num discurso perante alunos do ensino secundário, que considerava o aborto, legal no país, como um "assassinato".
Segundo ele, os defensores da legalização do aborto eram "assassinos".
O ultra-liberal, de 53 anos, conhecido por se opor ao aborto mas que não se tinha pronunciado publicamente sobre o assunto desde que tomou posse há três meses, dirigia-se a jovens numa escola católica em Buenos Aires.
"Advirto-vos que, para mim, o aborto é um homicídio e posso prová-lo do ponto de vista matemático, filosófico e liberal", afirmou o Presidente.
Dois dias antes do Dia Internacional dos Direitos da Mulher. Os que apoiaram a legalização do aborto no país em 2020 são "assassinos", acrescentou.
Desde que assumiu o cargo, Javier Milei aboliu o Ministério da Mulher, do Género e da Diversidade e anunciou o encerramento do Instituto Nacional contra a Discriminação (Inadi).
Javier Milei, que se descreve a si próprio como um "anarco-capitalista", tem manifestado repetidamente o seu desejo de encerrar instituições e organismos que considera "inúteis".
No mês passado, o governo também proibiu a linguagem inclusiva no exército e anunciou a sua intenção de a proibir igualmente na administração pública.
Em Janeiro, num discurso perante os líderes mundiais em Davos, Javier Milei atacou a "justiça social", o "feminismo radical" e a "agenda sangrenta do aborto".
A lei sobre a interrupção voluntária da gravidez na Argentina foi aprovada em Dezembro de 2020 e implementada em Janeiro de 2021, após um debate que polarizou a sociedade.
Prevê a possibilidade de abortar até às 14 semanas de gravidez sem ter de explicar os motivos, bem como quando a gravidez é resultado de violação e se a saúde ou a vida da mulher grávida estiver em perigo.
Numa altura em que o aborto e os direitos das mulheres estão a ser postos em causa em vários países, a França tornou-se, na segunda-feira, o primeiro país a consagrar explicitamente a interrupção voluntária da gravidez (aborto) na sua Constituição, após uma votação esmagadora do parlamento. CNB/GAR