Teerão - Um perito independente da ONU pediu hoje uma investigação internacional sobre crimes contra a humanidade e genocídio executados pelo regime iraniano contra opositores anti-Islão e a minoria bahá'í na década de 80, noticiou o site Notícias ao Minuto.
"Os bahá'í foram alvo de intenções genocidas e as perseguições e ataques contra minorias religiosas, étnicas, linguísticas e adversários políticos continuaram impunemente", segundo Javaid Rehman, relator especial sobre a situação dos direitos humanos no Irão.
Para o perito, "não deveria haver impunidade para estas violações graves dos direitos humanos, independentemente de quando foram cometidas", tal como o regime iraniano e os seus líderes "não devem poder escapar às consequências dos seus crimes contra a humanidade e genocídio".
Num relatório hoje divulgado, Javaid Rehman aponta atrocidades na forma de execuções sumárias, arbitrárias e extrajudiciais em 1981,1982 e 1988, que equivalem a crimes contra a humanidade de assassínio e extermínio, bem como genocídio.
"Entre as execuções estiveram mulheres algumas das quais alegadamente violadas antes de serem executadas e muitas crianças" e "os crimes contra a humanidade incluem também a prisão, a tortura e os desaparecimentos forçados", acrescenta o perito, cujo mandato termina em 31 de Julho.
Mandatados pelo Conselho dos Direitos Humanos, os peritos independentes não falam em nome da ONU.
"A continuada ocultação do destino de milhares de opositores políticos e do destino dos seus restos mortais constitui um crime contra a humanidade de desaparecimento forçado", sublinhou ainda o especialista, apelando para uma investigação transparente e imparcial sob a égide do direito internacional.
Em Abril, a organização Human Rights Watch (HRW) afirmou igualmente que a perseguição da minoria bahá'i pelas autoridades iranianas desde 1979 constituía um "crime contra a humanidade".
O bahaísmo é uma religião monoteísta fundada no início do século XIX no Irão, cujo centro espiritual se encontra na cidade israelita de Haifa, o que faz com que regularmente os seus seguidores sejam acusados de agentes de Israel, país inimigo de Teerão.
Ao contrário de outras minorias, a fé Bahá'i não é reconhecida pela Constituição nem tem representante no parlamento. AM